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Sem cesta e sem frescura Outro dia, quando estava no quarto ouvi vozes de criança

06/12/2012



Outro dia, quando estava no quarto ouvi vozes de criança. Vinha lá debaixo, do térreo, estavam sentadas na direção da minha janela, num pano qualquer, fazendo um piquenique.

O cardápio, que eu acho que nem era o que importava ali, incluía suco na jarra de plástico da mãe de um deles e uns 3 ou 4 pacotes de bolacha doce e salgada. Não tinha frutas, nem pães como nos filmes de piquenique onde tiram tudo de uma cesta de vime maravilhosa.

Eles eram três ou quatro, meninos e meninas, e estavam ali muito tranquilos conversando, provavelmente, sobre a importância de fazer a amarelinha com giz (meninas) ou com um pedaço de tijolo (meninos).

Não consegui ouvir a conversa direito, sei que era casual. Quando vi essa cena pensei em quantas vezes deixamos de juntar pessoas, de montar o lego.

Hoje em dia é preciso agendar uma pizza com os amigos pra daqui a três semanas, e ainda assim, saiba, alguém irá furar. Acho que isso tem a ver com o que o Rodrigo Santoro disse um dia na TV – as pessoas estão muito distraídas.

E lembro-me de ter pensado: colocou palavras no que eu queria dizer há tempos! As pessoas dizem: Tá todo mundo estressado, com pressa! O mundo só corre. Mas isso não é 100% verdade.

Tem aquela parcela do mundo que está bem escondidinha, com medo de ser descoberta.

São os robôs. Parece-me uma espécie de catatonia generalizada. Fui procurar o significado dessa palavra, porque a achava apropriada, e dentre muitas descrições, encontrei: “Em outras palavras, a pessoa que sofre da doença, chega a parecer estar morta”. Não é que é?

Você vai ao supermercado, e ao chegar ao caixa o que encontra? Tcharam, uma morta viva (pode ser homem também, mas em geral é da nossa raça).

Ela tem alguns poucos litros de oxigênio dentro do corpo, e se você der muita sorte, não acabará durante o seu atendimento. Às vezes acaba.

A alegria no atendimento é tanta, que chega a entusiasmar. Mas não se engane ela é rápida. Em menos de 5 segundos ela te faz três perguntas: - nota fiscal paulista? - cartão +? - débito ou crédito?

Você não esperava por isso! O oxigênio deve ter acabado agora! Né possível.

Depois ela segue se desligando da vida, passando item por item no leitor de código de barras, e embalando tudo com o maior cuidado (pode botar aspas em maior cuidado).

Coloca frio com quente, uma sacola inteirinha só para o pacotinho de erva-doce – olha que privilégio, vai servir pro lixo lá de casa. Mas não para o planeta.

Recuso, e como ela está ‘vendo a luz’, nem olha pra mim. Eu ameaço sair assim que tudo está embalado, e ela?

Ela fala ‘ESPERA...a notinha’. Assim mesmo, com ênfase no ‘espera’ e sobrevida no ‘a notinha’. Eu, e acho que você também, passamos por isso em muitos lugares.

Não sempre e nem com todos os atendentes do mundo, mas com alguma frequência. No posto de gasolina, onde o atendente algumas vezes se confunde com o boneco inflável.

Na padaria, onde você nunca imaginaria que conseguir dois pãezinhos fosse tão difícil. E no restaurante, onde você precisa pedir o açúcar umas duas ou três vezes.

Da mesma forma acontece com quem é próximo da gente. Você já falou com alguém, e teve a certeza de que se começasse a falar do quanto você já abusou do crack, ele perguntaria: é mesmo? Onde você costumava comprar? Eu já. Mas isso é porque falo demais. Sou verborrágica assumida.

Às vezes os mais próximos desaparecem por alguns segundos... Sim, na sua presença, claro.

É porque eles estão em contato com algo que eu e você não poderíamos ver jamais. E também é assim quando seus amigos somem por meses.

Tem os que sempre somem e sempre voltam os que sempre somem e sempre prometem, e os que sempre voltam e nunca se vão – é algo que se sente no coração, na não presença física.

São como aquelas noivas ansiosas que estão preparando o casamento há dois anos. Durante a festa, elas dão o mesmíssimo beijo no rosto em todo mundo.

Como assim, o beijo no meu rosto, que sou amiga é mesmo beijo que ela dá no rosto da tia que cuidou dela desde que nasceu e pra quem ela sempre corre quando quer colo?

É distração. Não gosto muito de promessas, pra mim tem a ver com distração.

Me chame pra jantar. Não me diga que vai me chamar pra jantar. É a promessa da promessa! E isso... hamm... parece distração.

O que eu quero dizer é: não precisa jantar comigo se realmente não quiser jantar comigo. Acho muito legítimo que seja assim. Mas não me venha com ladainhas.

A pessoa num médio prazo não vai te chamar pra jantar, mas gosta da eterna ladainha: ‘precisamos sair um dia hein!’ ou ‘vamos combinar um dia sim’. O ‘passa lá em casa qualquer hora’ é o pior.

Qualquer hora já quer dizer tudo, é hora nenhuma, se fosse alguma, seria específica: passa lá em casa as 20h! É distração porque parece um tom acima da verdade.

No piquenique aqui do prédio tudo é mais prático. Uma mãe dá o suco, a outra as bolachas, e eles acham um pano por aí pra sentar. Duvido que trocaram e-mails ou telefonemas pra combinar esse momento.

No máximo tocaram o interfone ou gritaram lá debaixo: ‘desce aíiiii’. Eles não são distraídos entre eles, eles só são distraídos com o que está fora da toalha do piquenique.

Sem cesta vime e sem frescura.


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