03/08/2006
Meses atrás, enfurecido, falei muito sobre votar nulo. Passado um tempo, descobri que os mal-intencionados políticos haviam previsto a possibilidade de haver um movimento enorme de votos nulos ou brancos, e portanto vale uma maioria simples. Em outras palavras 1 voto já é suficiente para eleger um presidente. Pense, se de repente a nação resolve boicotar e um indivíduo vai lá e vota, a pessoa em quem ele votou está eleita. Não existe defesa. Aqui o cidadão é burro de carga e deve ser burro e passivo. Parece que todo mundo acreditou nisso.
A nação está podre e assim mesmo não se muda nada e todos que têm algum poder neste país continuam a se locupletar e debochar do restante. Que é a enorme maioria.
A constituição americana prevê em um de seus parágrafos que quando um governo chega nesse ponto os cidadãos tem o direito e a obrigação de retirar aqueles que governam, pelos meios que sejam necessários. Mas para isso seria preciso haver cidadania, uma população consciente e preparada para fazer valer seus direitos. E TEMOS O OPOSTO. Todos os esforços dos governantes são para que isso continue e até se fortaleça.
Esse país não tem a menor chance de evoluir. Mais uma eleição onde fraudes serão lugar comum. A roubalheira sem controle. Planejamento e coragem abolidos do vocabulário. Sermos obrigados a votar é a suprema canalhice de nosso sistema politico. A humilhação máxima.
Sobre esse assunto, gostaria de falar sobre o jornal frances Libération, criado logo depois de maio 1968 por Serge July, Jean-Paul Sartre, Jean-Claude Vernier e Philippe Gavi.
July que era director até o mês passado foi despedido por Edouard de Rothschild.
Foi despedido porque ele brigou "de cara" com De Rotschild: não se fala mais alto do que o acionista principal do jornal... Como se atreveu?
Serge July certamente, como todos nós, tinha um monte de defeitos mas ele nunca pediu para um jornalista ou colunista modificar um texto nem sequer uma palavra de um texto. Liberdade de expressão...
Respeito do leitor e confiança em quem escreve.
Talvez o Liberation até suma das bancas, era um jornal simbólico e hoje parece que não tem mais espaço. Não se deve esquecer que "Libé" foi lido por milhares de jovens, universitarios ou não, durante mais de 30 anos. Esses leitores gostavam do jeito diferente do jornal que nasceu numa época fantástica e onde se podia ler (há 30 anos) uma pergunta feita com muita seriedade : Será que o voto é uma armadilha grotesca que a burguesia inventou ?
Libération nasceu fora do sistema e foi engolido pelo sistema.