04/05/2006
Os dias vão passando por aqui , vou pegando o ritmo e conhecendo pessoas e lugares. Tenho andado bastante pela cidade e já conheço essa região razoavelmente. Sei os caminhos para o hotel; para o Centro Cultural Tijuana; para o supermercado; restaurantes e parques. Como estou dirigindo um carro com placas americanas, de tanto em tanto a polícia me pára para fazer perguntas e examinar documentos. Parece que é um dos afazeres dos bravos homens da lei deste lugar.
Fui com novos amigos artistas a um restaurante mexicano que, segundo eles, é realmente autêntico. Eu diria que além de autêntico, foi extremo. Como dizem os americanos: hardcore. Todas as variedades possíveis de tortillas, salsas, tacos e pratos tipicamente mexicanos.
Um dos passeios que fiz também foi até Rosarito, um lugarejo de praia a 50 kilômetros ao sul de Tijuana, viajando por uma estrada muito bonita. Aonde passei algumas horas agradáveis absorvendo essa atmosfera mexicana muito diferente, que carrega uma certa luminosidade e vibração características.
Comecei a ter atividades culturais locais e fui a uma exposição na Universidade de Tijuana, de um artista chamado Demian Flores, que me agradou. Um pop com elementos mexicanos de alta qualidade e criatividade. A sala da galeria é um espetáculo admirável. Trata-se de uma universidade que tem um espaço adequado para exposições e funciona como galeria permanentemente. Não conheço nada similar em nosso País.
Outra galeria e outra exposição, esta vez com um jovem muito bom chamado Daniel Boaventura, que ficou muito amigo. Trocamos informações e impressões. Ótimos trabalhos e idéias.
Ainda uma outra exposição, desta vez uma coletiva inaugurando uma nova galeria em Tijuana, chamada La Caja. Concomitante tivemos um vernissage com degustação de vinhos e quitutes de uma moderna cozinha mexicana. Tudo delicioso.
E ainda mais uma exposição com performances no centro histórico de Tijuana chamado RIORITA. Um enorme porão com atmosfera underground, onde outra amiga Laura Castanedo e duas artistas cubanas apresentaram seus trabalhos. Divertidíssimo e foi até altas horas. Claro que na volta para o hotel, mais uma vez uma pequena conversa com os conhecidos policiais locais.
E finalmente o dia da abertura da Bienal. Um dia com muitas palestras e debates. Escritores,filósofos, artistas, gente local e de outras regiões e países. Muita inteligência circulando e permeando os sentidos.
As 7 da noite, o grande hall do centro Cultural estava iluminadíssimo, com dezenas de estandartes pendurados com seus grandes formatos, um público enorme e vibrante. Abriu- se a X Bienal Internacional de Estandartes. Belo espetáculo, onde Tijuana demonstrou sua capacidade de produzir e organizar um evento de arte e cultura de altíssimo nível, com uma visão latino-americana moderna e plural.
Seguramente tendo como catalisadora e curadora deste processo a extraordinária artista mexicana MARTA PALAU, com sua qualidade e beleza. Ela permitiu a tantas pessoas um avanço intelectual e artístico.
Tenho passado bons momentos por aqui e estou encantado com a possibilidade de participar disso tudo.
Logo começarei minha caminhada de volta ao Brasil, passando alguns dias nos EUA. Vamos ver como funciona o contraste de culturas em minha cabeça.