13/10/2005
Os evangélicos finalmente criaram seu partido. Para aqueles que sempre pregam, como eu, uma clara e definitiva separação do Estado e da religião, por toda a indecência e injustiça que isso comporta, resta o assombro. Detonado o PL, que abrigava a bancada evangélica e o vice-presidente, mais que depressa o ex-metalúrgico presidente, que prega a ignorância como solução para todos os males, apóia a ida do último Zé para os braços dos distribuidores da Bíblia de Benjamin Franklin. O partido chama-se PMR, estando o R para renovador. É o deboche da arrogância brega dando o tom do Brasil dos próximos anos.
O criacionismo está sendo ensinado nas escolas do Rio de Janeiro, canais de rádio e televisão multiplicam-se, amplas concessões de um governo estelionatário da cidadania continuando a farra de Sarneys e Fernandos.
Os três poderes continuam sua dança promíscua e incestuosa, agindo como uma nova entidade, mantendo as diretrizes do atraso tão bem desenhadas e projetadas desde a eleição de Juscelino Kubischek, o verdadeiro pai do indecente Brasil dito moderno. Vivemos na primeira República Religiosa Futebolística do mundo. Para quem gosta dos brados do Ipiranga, um prato cheio.
O único político realmente temido, em toda a nossa recente história, pelos projetistas do sistema, o Sr. Leonel Brizola, jamais foi visto como deveria ser: o homem que poderia ter libertado o País do jugo imperialista em 1965, quando teria sido eleito presidente da República.
Os anos militares só serviram para uma coisa: sedimentar as bases para o Brasil atual. Desestruturado, refém de si mesmo e acovardado. Com uma população que, não interessam as maldades que lhe sejam feitas, não reage. Pasma e imbecilizada.
Ainda por cima está se desenhando uma situação política para o ano que vem, na qual não só teremos muito mais do mesmo, mas uma piora enorme nas assembléias legislativas e Congresso Nacional, cristalizando, assim, uma estrutura que será imutável até o fim dos tempos, transformando o Brasil no paraíso dos boçais. Se todos são desonestos e larápios, para que votar, ou pior, ser OBRIGADO a votar?
Ou se muda a União, voltando a ser este um país com estados confederados, com maior poder aos estados participantes e menos poder centralizado, ou então para que servem assembléias legislativas e os governadores? PARA NADA! Estruturas extremamente onerosas e inúteis em todos os sentidos. Não fazem valer o seu custo. São meramente decorativas, intermediárias de um poder que não possuem.
Ao longo do filme Cabaré, os nazistas aparecem cada vez em maior número. No começo todo mundo ria deles. Não demorou muito, ninguém ria mais!