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Paia...Assada

Êta caboclo unha de fome Pão–duroOu ``Os munheca - de – leitoa´´Se é pra falar de gente miserável, é fácil

21/06/2007



Pão–duro
Ou ``Os munheca - de – leitoa´´
Se é pra falar de gente miserável, é fácil. Quanto sujeito pão-duro existe nesse mundo de meu Deus. Tanto é assim que os apelidos dos ditos cujos variam. Querem ver uma coisa? Unha – de- fome, munheca – de – leitoa, mão-de-vaca... E por aí vai. Haja miseráve!

Êta caboclo unha-de-fome!
Vou contar dum capiau que morava num ranchinho, tinha lá suas dificuldades, como todo bom roceiro, mas no fundo do quintal sempre havia uns porquinhos no chiqueiro pra matar de vez em quando, umas galinhas gordas e até uns cabritinhos berrando. Mas conta-se que, em matéria de ``mão-de-vaquismo´´, esse caboclo tava sozinho. Bebia uma caçulinha de guaraná durante um dia inteiro. Ia tomando um golinho e guardando o resto pra daqui a pouco. Ia só no gostinho do guaranazinho...Êita!
Bom, mas o causo que se deu, da sua miserabilidade, foi assim: conta-se que um cumpadi lá dele foi visita-lo perto da hora do almoço, que lá nas roças varia entre 9 e 10 horas da manhã. Estavam lá o cumpadi miserável, a mulher da casa (a comadre) e um caboclinho de uns oito anos.
O cumpadi visitante chegou e, daí, conversa vai, conversa vem, é chegada a hora da comida. Não tinha como fugir desse momento, pois o cumpadi visitante foi ficando... ficando...Então resolveram, como se fosse um convite amigável, insistir para que o cumpadi almoçasse com eles. O que o outro, sabedor da fama de munheca de leitoa do dito cujo, aceitou imediatamente, até para tirar a prova.
Muito bem. É servido umas cumbuquinhas contendo um tiquinho de feijão, um outro tiquinho de arroz... e mais nada.
A comadre, como é de costume lá pras bandas da roça, ficava na cozinha e os dois comendo na salinha estreita e proseando umas lorotas. Eis que, de repente, surge, vindo da cozinha, o caboclinho de 8 anos, filho do casal.
MENINO (para o pai) – Ô pai? A mãe mandou priguntá se já pode trazê a galinha!
PAI – Ainda não, fio. Num é hora.
Nesse momento, nosso visitante não podia pensar outra coisa que não fosse o pão-durismo do cumpadi, que na cabeça lá dele deveria estar pensando em empanturrar a visita de arroz com feijão pra sobrar mais galinha nas panelas.
Foi pensando nisso que o cumpadi visitante resolveu comer bem devagarinho aquela mirrada comida caseira, fazendo hora pra esperar a tal galinha.
MENINO (entrando de novo na sala) – Ô pai? A mãe mandou priguntá de novo se pode trazê a galinha!
PAI (meio irritado com a insistência) – Já falei que não, diacho. Quando fô pra trazê a galinha, eu aviso, ué. Vai simbora daqui, peste!
Nessas alturas, estava confirmado: o cumpadi não iria mandar trazer a tal galinha enquanto o visitante já não estivesse com a pança cheia. E foi assim que a nossa visita mandou pros quintos a galinha e puxou nos peito o resto de arroz e feijão que sobrava nas cumbuquinhas... ficando assim satisfeito.
MENINO (entrando) – Ô pai? A mãe tá brava. Qué sabê se agora já pode trazê a galinha!
PAI – Pode. Agora, ocê pode trazê a galinha.
VISITA – Dêxa, cumpadi. Num precisa trazê galinha nenhuma, mais não. Eu num quero mais cumê galinha de vancê.
PAI – Quem foi que falou que ocê ia cumê galinha?? A galinha é quem vai cumê os grão de arroiz que ocê deixô caí aí no chão da sala. Tá besta, sêo.


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Rolando Boldrin

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