30/11/2011
Por Layla Marques
Fotos: Layla Marques
A premiada contadora de histórias Ana Luísa Lacombe, atriz carioca que há 25 anos escolheu os palcos de São Paulo para apresentar seus espetáculos, fala com exclusividade ao Site da Granja sobre "a arte de contar histórias", nome dado às oficinas que tem apresentado pelo Brasil, desde 2010. Resultado do projeto "Trilogia e Faz de Conta", as palestras contribuem na formação e capacitação de educadores, bibliotecários, mediadores de leituras e voluntários que se interessam pelo tema. "É preciso gostar de ler", diz Ana Luísa.
Site da Granja: Como incentivar as pessoas a contar histórias?
Ana Luísa Lacombe: É preciso gostar de ler. Ninguém pode ensinar e incentivar alguém a ler se não gosta de ler. Antes de tudo, a pessoa precisa se imbuir desta missão, a de "eu vou gostar de ler". A leitura é um processo, é preciso treino para gostar de ler. Sendo esta a primeira qualificação: a pessoa que quer contar histórias precisa gostar de ler, mas se não gosta e quer, então, primeiro, precisa ir atrás deste prazer.
SG: Mas e os cursos, ajudam?
ALL: Contar histórias, na verdade, aprendemos contando. É como sempre digo: ninguém precisa fazer aula de canto para ninar o bebê e nenhuma mãe precisa fazer aula de contar histórias para fazer seu filho dormir, não é verdade? Fazer cursos é interessante para quem vai falar a um grande público, a quem precisa de técnicas para entreter um público maior. Mas, se for para contar a duas, três crianças o importante é se apropriar da história, conhece-la muito bem, sem ter dúvidas, transmitindo-a com tranquilidade e firmeza.
SG: E existe alguma regra para contar histórias?
ALL: Na arte não existem regras. Acredito que se você estiver inseguro na hora de contar, ficar voltando toda hora quando lembrar-se algo que se esqueceu, tiver dúvidas sobre a história, ai sim não dará certo. Conhecendo bem a história, procure dar uma dinâmica a ela, para a sua voz não ficar monocórdica, arrastada... É preciso ter paixão, ter um brilho. Isso é muito importante.
SG: Quais autores a inspiram?
ALL: Sou especialmente apaixonada por Isaac Bashevis Singer, autor judeu, que foi radicado em Nova Iorque. Gosto muito também de Machado de Assis, Fiódor Dostoiévski. Aqui do Brasil, admiro Luís da Câmara Cascudo e Monteiro Lobato, que fez parte da minha infância.
SG: Que histórias você mais gosta de contar?
ALL: Contos japoneses, hindus e indianos. Gosto dos contos de fadas indianos e dos judaicos populares, estes últimos mais em razão do trabalho que tenho com a cultura judaica.
SG: Você prefere contar para crianças, jovens ou adultos?
ALL: Criança e adulto. Jovem é mais complicado, a não ser que seja uma plateia já feita, que já tenha um hábito, uma prática. Adolescente é mais árduo, é preciso convencê-los de que o conto é legal. E criança e adultos já estão prontos.
SG: A "contação" começa em casa?
ALL: A criança imita. Os pais incentivam os filhos quando também leem. Os pequenos precisam ver os pais lendo.
Para mais informações, acesse: www.fazeconta.art.br