Cecília Meireles: Por Layla MarquesFotos: Layla Marques"Gosto de ler livros que me empolguem, mas se eu não gostar da história não leio.

12/01/2012

Por Layla Marques
Fotos: Layla Marques

"Gosto de ler livros que me empolguem, mas se eu não gostar da história não leio. Na escola, quando as crianças acabam a lição e não tem nada para fazer, a professora pede para que os alunos leiam um livro, mas ninguém lê. Elas gostam muito de conversar. Acho importante ler, porque temos que achar a resposta das coisas na leitura dos livros e não em internet. Temos que ler porque é muito importante para desenvolver a nossa sabedoria. Na internet tem um pouquinho de coisas boas e muitas coisas ruins, nos livros aprendemos mais e lemos mais". Este é o depoimento de Julia Tricárico, de apenas 8 anos de idade. Com sua consciência sobre a importância da leitura, espanta muitos adolescentes e universitários que trocam, sem titubear, um bom livro por resumos (muitas vezes mal feitos) produzidos na internet.

Pensando nisso, quer dizer... pensando nos livros (suas estórias, fábulas e encantos) o Site da Granja visitou Biblioteca Municipal Cecília Meireles, única na Granja Viana, para saber o que os livros têm de tão maravilhoso. O susto, contudo, foi nos depararmos com um acervo de títulos belíssimos, porém sem nenhum leitor para saboreá-lo. "Infelizmente, as pessoas não têm a cultura de ler. Pergunte-as quantos livros elas leem durante o ano. Pa se ter uma idea, por dia, a visitação aqui varia de 10 a 15 pessoas. Há dias que vem 20, há dias que apenas cinco. Tivemos uma época em que praticamente não tinha ninguém. As crianças têm vindo à biblioteca para jogar e quando dizemos a elas que os computadores disponíveis são apenas para pesquisa, vão embora", conta Aparecida de Fátima Cobuci, coordenadora da biblioteca.

Divulgação sem resultados

A biblioteca raramente recebe visitas. Durante a reportagem, apenas uma estudante universitária esteve por lá. "Divulgamos a biblioteca de muitas maneiras, via escolas, jornais locais e até divulgação boca a boca, mas sem sucesso. Na semana do Dia das Crianças, por exemplo, fizemos um movimento de interação, do dia 10 ao dia 21 de outubro, levamos a proposta para as escolas, mas apenas um colégio participou e, mesmo assim, trouxe apenas duas turmas", conta Valdina Maria de Souza, mais conhecida como Val, que já atua na biblioteca há 21 anos.

E qual o papel da escola?

É complicado afirmar que apenas os alunos não se interessam pela leitura, quando vemos pouco incentivo dos educadores para tal. "Falta muito interesse também dos professores, eles não incentivam os alunos a fazer nada. Para ter uma ideia, têm crianças no quinto ano que não sabem ler e escrever corretamente. Como as crianças se interessarão por biblioteca se não se interessam nem em aprender?", questiona Fátima.

E este não é privilegio apenas de escolas públicas. "Falamos com educadores de diversas escolas, públicas e particulares. E tem muito colégio particular dotado de um ótimo acervo, mas pouco utilizados pelos alunos. A geração de hoje em dia lê porque é obrigada, e não por prazer", completa ela.

Uma sugestão interessante dada por elas é a realização de um concurso de redação ou o início de campanhas de leituras. "Precisamos fazer uma campanha de leitura dentro das escolas para que esta incentive seus alunos. A escola poderia pedir aos alunos que lessem ao menos um livro por mês. Poderia começar como uma brincadeira ou fazer um campeonato. É preciso começar com pequenas ações e ir aumentando. Alguns alunos vão se sobressair, se interessar mais, outros não, mas pelos que participaram já vale a pena", acredita Val.

O incentivo vem de um conjunto entre escola, pais e sociedade. O boca a boca também ajuda bastante, afinal quando você indica um livro legal que tenha lido, as pessoas ficam instigadas a ler também.

Geração imediatista, geração rasa?

Por estamos em uma geração de crianças e jovens muito imediatista, em que querem tudo pronto e na hora, a internet é a melhor ferramenta e a mais utilizada por eles quando o assunto é leitura. Resumos, resenhas e críticas de livros podem ser encontrados com facilidade na rede, podendo se tornar um vilão do interesse pela leitura de livros. "Não somos contra a internet, pelo contrário, ela é muito importante para nós, mas por conta dela as pessoas deixam de ler livros maravilhosos", diz a assistente da biblioteca, Selene Amaral, que há 10 anos atua na biblioteca incentivando crianças e jovens à leitura.

Conheça mais a Biblioteca Cecília Meireles

- O público é formado por adultos, sendo 90% mulheres já chegando na melhor idade. Elas buscam livros exotéricos, romances, religião e autoajuda.

- Os jovens buscam muitos livros para o vestibular e, principalmente no final do ano.

- O acervo conta com 5 mil livros. Antes havia mais, porém, quando foi realizada a mudança de espaço, grande parte do acervo foi doado, alguns foram direcionados a bibliotecas de bairros da cidade.

Para fazer uma carteirinha, tenha em mãos

Uma cópia do comprovante de residência
Uma foto 3x4
RG original

Se quiser levar para casa, você pode levar até três livros e ficar com ele por 15 dias. Quando a data de devolução chega, é possível renovar por mais duas vezes consecutivas, desde que não haja alguém na fila de espera por aquele título. Vale ressaltar que menores de 12 anos precisam vir acompanhados com os pais. E, para se cadastrar na internet, basta trazer o RG que o cadastro é feito na hora e online.

Serviço:
Endereço: Av.Dener, 155
Horário de Funcionamento: das 8h às 17h

Notícias Relacionadas: