14/01/2010
O rompimento de uma adutora da Sabesp na quarta-feira passada ocasionou o corte no abastecimento de água da região. Os bairros Capuava, Parque Alexandre, Alto da Raposo, Rio Cotia, Granja Viana (parte) e Jardim São Vicente foram afetados.
O incidente foi possivelmente provocado pelo desmoronamento de terra na Estrada Velha de Cotia, entre as estradas de Capuava e do Embu, na ladeira ao lado do Assai, mas as causas ainda estão sendo apuradas. Há divergências entre a opinião da Sabesp, da prefeitura e dos comerciantes locais.
A Sabesp afirma que o rompimento da adutora foi causado pela falta da construção de um muro de arrimo por parte do Assai.
Já a prefeitura diz que foi o rompimento da adutora da Sabesp que teria pressionado o talude construído pelo atacadista, provocando deslizamento de terra.
Os comerciantes da região, por sua vez, acusam o fluxo intenso de caminhões pesados, associado às fortes chuvas, que provocou o desmoronamento de terra na Estrada Velha de Cotia e o consequente rompimento da adutora da Sabesp.
André Lossa, proprietário da Lavanderia Ecco Wash, que acompanhou a construção do Assai, disse que na época havia uma gruta por baixo da rua, uma falha geológica, "parece que não tomaram conhecimento disso porque foi questão de tempo para a água infiltrar e cair tudo, como aconteceu ali". Ele acredita que o acidente tenha sido causado pela movimentação da terra.
Sueli Fediczko, dona do Café 26, disse que os caminhões pesados, em grande parte do Assai (a empresa não construiu um pátio de carga e descarga para caminhões), fizeram o asfalto trincar, o corte do barranco feito pela empresa que antes ocupava o local do Assai, a ladeira muito íngreme e a prefeitura, que não realizou as devidas reformas, contribuíram para que houvesse o acidente.
A prefeitura abriu um boletim de ocorrência na Delegacia da Granja Viana, instaurou sindicância no âmbito administrativo para apuração de responsabilidade e está acionando o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas - para obter uma avaliação preliminar sobre as causas do evento.
Segundo a prefeitura, se for confirmado o rompimento da adutora como a causa do ocorrido, a Sabesp deverá arcar com os prejuízos causados à municipalidade e a terceiros. A rua ainda não tem condições de ser reaberta ao tráfego, porque o IPT e outros peritos precisam realizar seus laudos. A responsabilidade pelo incidente somente será definida ao final dos procedimentos e não há previsão para o término.
Vera, do depto de manutenção da Sabesp, agência Cotia, afirmou que se o muro fosse de arrimo e não só um simples talude, isso não teria acontecido. A água forte da chuva não teria infiltrado e empurrado a terra, o que fez com que a rede arrebentasse e abrisse uma cratera no asfalto.
Divergências à parte, os moradores e comerciantes da região foram muito prejudicados, não só pela falta de água, mas também pela interrupção do fluxo do trânsito. Não há nenhuma sinalização, nem placas.
Érica Samogin, proprietária do salão de cabeleireiro Hanna, afirmou que sofreu um prejuízo terrível: "tive que comprar galão de água mineral para lavar o cabelo das clientes e dar descargas". Ela disse que comprou mais de um caminhão pipa, "não sei quem vai pagar o prejuízo, alguém vai ter que pagar".
O restaurante Osaka possui motor de água, mas também ficou 3 dias sem telefone. "Saímos prejudicados no que diz respeito ao fechamento das ruas e à falta de sinalização. Muitos clientes deixaram de vir até aqui" disse Wagner Souza, gerente do restaurante.
A Sabesp informou que o fornecimento de água já foi restabelecido, uma nova rede foi implantada na Rua São Domingos, paralela à Estrada Velha de Cotia. Agora, a Sabesp e a prefeitura estão trabalhando para resolver o problema do asfalto.
Para quem ainda estiver sem água, a Sabesp disponibiliza o número 195 para contato.
A água é um direito de todos e a sua vida deve ser tratada com respeito.
Marina Novaes
Fotos: Ligia Vargas