20/10/2010
Queridos amigos, alunos, pacientes e interessados no Ser Humano Gaiarsa:
Dedicamos a mais profunda gratidão, respeito e luz por ter dedicado sua vida a cuidar das relações humanas com tamanha sabedoria e maestria.
Amigo, terapeuta, professor, escritor, comunicador , seu legado está aí de tantas formas e caminhos..
Partiu dormindo às 5 da manhã. Morrer saudável, com energia e disposição é para poucos....
Dois dias antes havia ligado aqui para confirmar a data do nosso curso: a "Vitalidade no dia dia."
Nestes últimos 10 anos pudemos acompanhar Gaiarsa em muitos cursos que realizou aqui no Espaço Integração e em muitos outro lugares, com grupos fantásticos e vivências profundas.
Polêmico, despertava encantamentos e críticas ferozes, mas este era ele, sem máscaras...
Fica impressa em nós tantas imagens, a do "sorriso maroto", a do "olhar de menino" que podíamos enxergar muitas vezes e a imagem da sua "Dança de Shiva", que é como acreditamos que sua alma está agora...
História:
Gaiarsa nasceu em 19 de agosto de 1920, estudou Medicina na Universidade de São Paulo e especializou-se em psiquiatria. Clinicou por 50 anos e escreveu mais de 30 livros sobre família, sexualidade e relacionamentos. Foi o responsável por trazer ao País as ideias do psicanalista austríaco Wilhelm Reich, um dos ideólogos da revolução sexual.
Durante dez anos, de 1983 a 1993, Gaiarsa apresentou um quadro em um programa diário da TV Bandeirantes em que respondia, ao vivo, dúvidas dos telespectadores. Ficou conhecido por suas posições polêmicas: defendia o relacionamento aberto, questionava a ideia de a maternidade ser uma maravilha absoluta e condenava a instituição do casamento e da família. "Ouvi por mais de 30 anos reclamações sobre filhos, mães, pais, cunhadas etc.", costumava dizer.
O psiquiatra se casou e se separou cinco vezes. A primeira união seguiu os moldes convencionais - ficou 25 anos ao lado da mulher, teve quatro filhos e oito netos. Nos relacionamentos subsequentes, pôs em prática a ideia do amor livre, vivendo relacionamentos abertos. Não acreditava na monogamia, mas costumava dizer que o amor livre funcionou melhor para as ex-mulheres que para ele próprio.
Mesmo após abandonar o consultório, nunca deixou de trabalhar.
Na página que mantinha na internet, Gaiarsa escreveu: "Tive a sorte - e o azar! - de viver quase todo o século 20 (...)". No texto de sua autobiografia, descreve-se como alguém que viveu por muito tempo acompanhado da angústia e do medo. Mas, no fim, considera esses sentimentos positivos e "mais que justificados". "Meu medo neurótico era muito mais verdadeiro do que minha sabedoria de pessoa normal, de cidadão bem adaptado", afirmou Gaiarsa.
Benção, querido!
Nossa gratidão pela parceria e tantos aprendizados...
Por Mauricio Bastos - coordenador do Espaço Integração na Granja Viana