TELEFONE E WHATSAPP 9 8266 8541 | Quem Somos | Anuncie Já | Fale Conosco              
sitedagranja
| Newsletter

ASSINE NOSSA
NEWSLETTER

Receba nosso informativo semanal


Aceito os termos do site.


| Anuncie | Notificações
Voltar

Mãe Alcina vive!

23/09/2025


"Nós somos porque ela foi"
Por Mariana Marçal

Há alguns anos despertei para os caminhos da espiritualidade e da ancestralidade. Nesse processo, compreendi que o terreiro é um quilombo contemporâneo e que o candomblé, para seus praticantes, representa a força capaz de reconstruir histórias dissolvidas pela escravidão.

Mas conheci Mãe Alcina muito antes dessa consciência, ainda jovem, sem saber nada sobre o candomblé. Mesmo assim, tudo naquela alma generosa me despertava interesse.

Foi ela quem trouxe para a política de Cotia debates fundamentais sobre religião, intolerância e ação social — pilares que sempre sustentaram sua trajetória dentro e fora do terreiro. Graças à sua atuação, o candomblé fincou raízes na cidade, criando vínculos identitários, familiares e comunitários.

Na verdade, primeiro conheci o Instituto Gira-sol e só depois Mãe Alcina. E foi ao ver vidas transformadas pelo seu trabalho que compreendi a dimensão de seu reconhecimento.

Participei de feijoadas, eventos e homenagens em sua honra. Em muitos deles, beijava suas mãos sem entender exatamente o significado desse gesto, mas sentindo, no fundo, que havia algo maior. Hoje, após sua partida e já iniciada no candomblé — além de estudiosa da cultura africana e da filosofia hindu — compreendo a ancestralidade que me ligava a ela. Mãe Alcina já enxergava meu caminho, mesmo quando eu ainda não podia imaginá-lo.

Sempre acompanhei o trabalho do Baba Robinson à frente do Ilê Asè Aiye Sango Oju Ewa. Unidos por amigos em comum e pela luta por uma cidade mais justa, observei de perto o esforço para manter viva a Casa após a passagem de Mãe Alcina.

A celebração que sucedeu as obrigações de julho — mês de grande responsabilidade para pais, mães e filhos da Casa — foi marcada por emoção profunda. Ali, todos, crianças, jovens e adultos, celebravam mais um odun de vida em Xangô com entrega total.

Ver aquela família unida na fé e no legado da Mãe Alcina foi inesquecível. Um testemunho de que, no candomblé, presente, passado e futuro não se rompem: tudo é continuidade. Nos cânticos daquela noite, ecoava forte a certeza: “Nós somos porque ela foi.”

Mãe Alcina permanece viva entre nós. Sua memória resiste. Seus filhos de santo e de sangue seguem honrando sua história e seu legado. Ela mudou de plano, mas continua presente.

Enquanto houver fé e a tradição oral do candomblé permanecer firme, o Ilê continuará batendo cabeça para ela, para a eterna Mãe Alcina de Cotia.

Mariana Marçal
Jornalista, professora de yoga e filha de Obà


Notícias Relacionadas:


 
TENHA NOSSAS NOTÍCIAS DIRETO NO WHATSAPP, CLIQUE AQUI.

Pesquisar




X







































© SITE DA GRANJA. TELEFONE E WHATSAPP 9 8266 8541 INFO@GRANJAVIANA.COM.BR