27/07/2011
A princípio, não sou a favor e nem contra a mudança de escola no meio do ano, pois entendo haver situações em que permanecer em determinado colégio pode ser prejudicial ao crescimento. O que discuto é a facilidade, a superficialidade, a freqüência, a falta de coerência com que isso vem ocorrendo por motivos irrelevantes.
As razões que levam os pais a apoiar um desejo imaturo de seus filhos de fugirem desde cedo dos desafios e buscar por si a solução das suas dificuldades de relacionamento ou (em muitos casos) de maior exigência pedagógica, me assustam. Afinal, quem escolheu a escola para matricular o filho, devia saber mais do perfil e das exigências peculiares, tanto do filho quanto do colégio. Acatar a mudança para esquivar-se dos conflitos com colegas e professores, problemas de conduta ou desmotivação frente a exigências cabíveis e normais da escola, é uma atitude que não só fragiliza a criança e o jovem, como demonstra a insegurança dos pais diante de uma questão sobre a qual não deveria haver dúvida.
De toda forma, mudar de escola no meio ano, quase sempre causa angústia na criança, na sua família e até na nova escola que a recebe. Razões não faltam para isso, pois mesmo sem levar em conta os motivos que ocasionaram a mudança, o que se tem pela frente é de fato complicado: famílias procurando se amoldar às novas exigências de horário, de uniforme etc., crianças tentando se adaptar e socializar em classes com antigos e novos coleguinhas que também vieram de situações escolares estressantes e com professores desconhecidos, os quais também estarão vivenciando com certa ansiedade uma classe com alunos que poderão vir a mudar o perfil já conhecido do grupo, entre outras coisas.
Se considerarmos então os problemas pedagógicos e comportamentais ocorridos no primeiro semestre pela criança que se matriculou em um novo colégio, a situação se complica ainda mais.
Alguns itens não podem deixar de ser lembrados pelas famílias: mesmo trocando de escola, é bem possível que os problemas apresentados pela criança não se solucionem totalmente. Todos devem estar preparados para essa eventualidade e, desde o primeiro dia letivo, buscar soluções e não ficar apenas confiando que a mudança de colégio, de método e de colegas e professores, vá trazer de volta aquele aluno nota dez dos primeiros anos de escolaridade. Ou, de repente, tornar uma criança desmotivada em interessada e envolvida nos estudos, ou até mesmo transformar um aluno com dificuldades de aprendizado em primeiro da classe.
Mudar de escola só é válido na última hipótese, quando as questões ligadas ao desenvolvimento mental, emocional e à capacidade de aprender da criança, se mostram inadequadamente atendidas por aquele método de ensino ou quando aparecer questões mais sérias ligadas à auto-estima, a bullying e mesmo assim, só quando forem incontornáveis.
Já uma mudança no final de uma série cursada, tem outra significação para o aluno e por isso deve ser sempre uma hipótese a ser levada em conta, pois é mais coerente, dá tempo de a criança tentar resolver seus primeiros problemas, ensina a lidar com os obstáculos e fortalece a auto-estima infantil. E acima de tudo, mostra que os pais estão empenhados em ajudá-la e que confiam na sua capacidade. Isso, de fato, é o que os prepara para a vida.
Maria Irene Maluf