22/08/2017
Gilberto Natalini (PV) deixou na terça-feira (22) o cargo de Secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. A demissão do Secretário foi anunciada na sexta-feira (18) e agora ele reassume sua vaga na Câmara de Vereadores da capital paulista para a qual foi eleito em 2014. Os movimentos ambientalistas da região como MDGV e Transitions Granja Viana lamentaram a saída já que o Secretário sempre foi muito solícito e atuante na resolução de questões referentes ao Parque Cemucam.
Famoso por sua atuação em causas ambientais, Natalini implantou recentemente um programa para fortalecer as ações da pasta em parceria com a Controladora Geral do Município (CGM), Laura Mendes Amando de Barros, que também foi demitida na semana passada. A demissão de Natalini não foi justificada pelo Prefeito João Dória (PSDB), mas tudo indica que prevaleceram questões políticas e interesses dos setores da construção civil e imobiliário. No lugar do ex-Secretário deve entrar alguém do PR ou do PSD partidos que vêm pedindo maior participação no Governo Dória.
O jornal "O Estado de S. Paulo" apurou que um dos atritos envolve a denúncia feita por Natalini de uma suposta quadrilha que fraudava licenciamentos ambientais de novos empreendimentos na cidade. Por essa razão o ex-Secretário havia, inclusive, exonerado oito funcionários da pasta. Ou seja, Natalini estaria dificultando a liberação de obras com grande impacto ambiental. Ouça aqui a sua primeira entrevista à rádio CBN após sua saída do cargo.
Outra causa de atrito pode ter sido em decorrência da criação do corredor verde na Avenida 23 de Maio. O plantio de mudas nas paredes da avenida foi feito usando regras de um Termo de Compensação Ambiental (TCA) criado na gestão passada, de Fernando Haddad (PT), para criar muros verdes ao redor do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão. A medida havia sido combatida por Natalini, então vereador, que chegou a ingressar ações judiciais contra essas paredes.
Natalini seguia entendimento de ambientalistas e engenheiros que afirmam que essas ações não fazem a mesma captura de carbono que árvores fazem e, assim, não poderiam ser consideradas compensações ambientais. Mas teve que se submeter ao modelo a pedido de Doria - o que fez a contragosto. O desgaste aumentou na semana passada, quando o prefeito informou o secretário que o corredor verde da 23 não seria o único da cidade.
O vereador é o quarto integrante do alto escalão da gestão Doria a cair em menos de um ano. Foram substituídos Soninha Francine (PPS), da Assistência Social, Eliseu Gabriel (PSB), chefe da pasta de empreendedorismo, e a tucana Patrícia Bezerra, que pediu exoneração da pasta Direitos Humanos por discordar das ações da prefeitura na Cracolândia.
A exoneração de Natalini vem mobilizando pessoas, organizações da sociedade civil, projetos e entidades que trabalham com o tema do desenvolvimento sustentável, que publicaram carta aberta, colhendo assinaturas em protesto. Leia aqui.