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O que comemorar com um ano de privatização da Sabesp?

31/07/2025


Mauricio Orth

A privatização da Sabesp foi concluída em 23 de julho de 2024, em uma cerimônia realizada na B3 (a Bolsa de Valores de São Paulo). Com isso, o governo estadual levantou R$ 14,77 bilhões, com a ação vendida pelo Estado por R$ 67. Na bolsa, o valor na época estava em R$ 87. Hoje, a ação vale mais de R$ 106.

O Site da Granja fez uma pesquisa em diversas fontes de informação no intuito de observar como foi esse primeiro ano. 

Em Cotia

Em Cotia, a Sabesp tem gerado notícias por dois fatores: Um deles é o gosto de terra/barro da água fornecida reportado por diversas pessoas em vários bairros. Moradores já solicitaram inspeção para a Vigilância Sanitária. Na Granja Viana, esgoto a céu aberto na estrada Zurique, que, segundo moradores, é reflexo das alterações das leis de uso e ocupação de solo para que em um terreno de 4.000m² fossem implantados 45 lofts. Água turva, forte cheiro de cloro e de terra, bolhas brancas ao ferver também estão sendo relatados por moradores em redes sociais.



3º Abraço na Sede em defesa da Vila do DAE

Outro assunto é a demolição feita pela Sabesp em 10 casas na Vila do DAE, na Reserva do Morro Grande, onde se encontra a Estação de Tratamento de Água do Sistema Alto Cotia, que abastece 450 mil pessoas. Após a demolição, um movimento popular alinhado com a Prefeitura tem ganhado espaço na mídia: O “Abraço na Sede”, que nasceu como resposta à ação destruidora da empresa, já corre atrás de processo de tombamento. O Vereador Abidan Henrique, de Embu das Artes (Alô, alô, o que fazem os vereadores de Cotia?), já entrou com o processo no IPHAN  - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A ação ganhou força. Uma reunião contando com participantes do movimento, do poder público e da Sabesp desembocou na afirmação de que a Sabesp não derrubaria mais casas e que responderia um questionário de perguntas formuladas pelo movimento em 15 dias. Este prazo termina na sexta, 01/08. Sobre o assunto, o Site da Granja já enviou 14 e-mails e tentou obter informações com pelo menos 05 colaboradores da Sabesp via WhatsApp. Todas as tentativas não obtiveram um retorno objetivo até agora.


Itapecerica da Serra



Na terça 23/07, um rompimento de uma adutora causou a interrupção no fornecimento de água para milhares de pessoas em Itapecerica da Serra, o que gerou transtornos e indignação. Uma manifestação ocorreu na noite de sexta-feira (25), bloqueando um trecho da Rodovia Régis Bittencourt, interrompendo o trânsito na rodovia. Diversas organizações estiveram presentes no ato. “Estamos há mais de seis dias sem água. Não tem como cozinhar, lavar, tomar banho. Isso é um absurdo”, relatou uma munícipe. A Sabesp anunciou a normalização já no dia seguinte (24). Não aconteceu. Escolas municipais tiveram suas aulas suspensas e hospitais enfrentam sérias restrições por conta das torneiras secas. 


Problema da Marginal Tietê - Questões por trás da cratera aberta 


Reprodução/TV Globo

Aqui o assunto ganha ares de desastre ambiental. Fosse em área de preservação a repercussão seria grande: A Sabesp despejou o equivalente a 86 piscinas olímpicas de esgoto por dia sem tratamento no rio Tietê ao longo de dois meses. O fato pode ter comprometido anos de trabalho na despoluição do rio. 

A cratera em questão foi aberta em 11/04/25 na Marginal Tietê. A primeira análise descartava danos à tubulação e projetava três dias de reparos. Entretanto, o solo voltou a ceder em 12/05. Para lidar com a questão e liberar o tráfego de forma mais rápida, a Sabesp optou por esvaziar parte da rede de esgoto para viabilizar o acesso técnico. 

O vazamento então só terminou em 28 de junho, quando a Sabesp afirmou ter concluído o esvaziamento da rede e iniciado a fase definitiva dos reparos. Apesar de existirem outras opções técnicas que preservariam o meio ambiente, a Sabesp optou pela ação mais barata. Qual seria a alternativa?

“Poderia ter sido colocada uma tubulação provisória em paralelo à danificada, que estaria em operação por curto período de tempo até ser reconstruída a original. Jamais seria considerada a alternativa de lançar os esgotos diretamente no Tietê.”, ressalta o engenheiro Amauri Pollachi, que trabalhou por 30 anos na Sabesp e atualmente é pesquisador do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (ONDAS).

Pollachi ainda afirmou que tais dados só vieram a público via engenheiros que trabalharam no projeto, já que a Sabesp não emitiu nenhuma nota técnica sobre o que aconteceu e as providências tomadas.  Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), análises técnicas para avaliação dos impactos ambientais decorrentes do incidente estão em andamento.

Notícias da Sabesp pelo seu primeiro ano privatizado

Por conta de seu primeiro ano de privatização, a Sabesp enviou à imprensa material: “No primeiro ano de desestatização da Sabesp, a vida de milhões de paulistas foi transformada pela chegada do saneamento básico.1,3 milhão de paulistas passam a ter água potável e 1,4 milhão recebem esgoto tratado com a desestatização da Sabesp.” 

Estatísticas duvidosas

Alguns dados merecem atenção: Em vez de “habitações”, ou “domicílios”, a Sabesp agora utiliza a palavra “economias” de água e tratamento de esgoto. Sim: sua casa virou agora uma “economia”. É preciso ter em vista que muitas novas “economias” de esgoto anunciadas não possuem ligações de fato, pois são virtuais, obtidas por meio de um clique no sistema comercial. “As quantidades de novas redes não sustentam à evidente maior necessidade de expansão de esgoto para alcançar a universalização. Divulgam-se 567 km de novas redes de água ante 307 km de esgoto, é uma contradição.”, destaca Pollachi.

Estatísticas distorcidas 

A Sabesp recorre ao lema do governo de Juscelino Kubitschek para destacar a virada que promete fazer no saneamento paulista. A nova gestão diz que vai investir em cinco anos mais do que foi investido nos últimos 50. A companhia afirma que já começou a investir R$ 70 bilhões para universalizar a água e o tratamento de esgoto no estado de São Paulo até 2029. A comparação, no entanto, é distorcida. Levantamento feito pelo jornal Folha de São Paulo mostra que a Sabesp investiu só entre 1995 e 2024 (30 anos), R$ 74,2 bilhões em valores nominais, que corrigidos chegam a R$ 135 bilhões. Apesar da distorção, a Sabesp deve de fato aumentar o volume de investimento. 

Outro lado

Publicações de dados do Sintaema - Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do estado de São Paulo sinalizam um cenário diferente. O Sindicato afirma que neste último ano a empresa já demitiu mais de 2 mil trabalhadores, sendo metade apenas no primeiro trimestre de 2025. Ele ainda afirma que a redução de equipes técnicas e o avanço das terceirizações têm gerado precarização nas condições de trabalho, insegurança nos serviços prestados e riscos ambientais, como os vazamentos de esgoto na Represa do Guarapiranga e próximo à Rodovia Castelo Branco.

“O clima entre os trabalhadores e trabalhadoras é de medo e incerteza. Com o quadro deficitário, o que se vê na Sabesp é um filme de terror contra o qual resistimos por anos”, afirma José Faggian, presidente do Sintaema.  “Essa tentativa de apagar a história da empresa pública tem objetivo claro: legitimar a privatização”, reitera o Sintaema. A classe obteve em maio, após longas negociações, um reajuste de 5,53%, válido para salários e benefícios.

Política salarial 

Já os salários dos executivos dispararam em 600%. De R$ 10,6 milhões aprovados no ano passado, o montante destinado aos altos cargos pulou para  R$ 65,7 milhões (conselho de administração, diretoria e conselho fiscal) em 2025.

Tarifa social

Por outro lado, o Governo do estado de São Paulo lançou o programa Tarifa Social Paulista, que amplia o acesso ao desconto na conta para famílias que vivem em áreas mais pobres. A dedução pode chegar a 78%. O Governo afirma que cerca de 748 mil novas famílias passam a contar com descontos - aproximadamente 2,2 milhões de pessoas.

Nadar nos rios Tietê e Pinheiros

Durante cerimônia de celebração do 1º ano da “desestatização” da Sabesp, o governador Tarcísio de Freitas e a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Natália Resende, afirmaram que acreditam que será possível nadar nos rios Tietê e Pinheiros em 2029.

Em 2024, porém, a meta de limpeza que havia sido imposta para o Tietê não foi cumprida. Em entrevista ao Estadão, a secretária do Meio Ambiente afirmou que a meta “foi colocada considerando Pirapora, que está há décadas sem desassorear – 90% do reservatório está comprometido por falta de desassoreamento" e por isso eles precisaram remanejar as metas para a região. 



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