23/05/2013
Por Karen Gimenez
Especialista em redes, Oswaldo Oliveira acredita em um mundo conectado não importa onde. Podem ser grandes empresários, empreendedores, estudantes, Ongs, pessoas comuns. Não importa onde estejam e qual o tamanho do grupo. Para ele a atuação em rede é inerente ao ser humano. E é justamente sobre essa ampla possibilidade de conexões que ele falará para os granjeiros no sábado, dia 25 de maio, no espaço UlaBiná. O Site da Granja conversou previamente com Oliveira sobre como é possível se manter bem conectado.
Site da Granja - A sociedade já se acostumou a se relacionar profissionalmente em rede ou ainda depende da hierarquia convencional para se sentir segura em termos de trabalho?
Oswaldo Oliveira - A “sociedade” tem vários recortes, que vão além do trabalho. As organizações em rede são menos hierárquicas. Diante disso, acreditar que as estruturas profissionais hierárquicas se acostumaram a trabalhar em rede é uma contradição em si, portanto a resposta é não. A sociedade que se reorganiza em rede, inclusive para o trabalho, depende menos da hierarquia, não tendo assim a necessidade de mediação ou mesmo de intermediação daquilo que chamamos de hierarquia.
SG – No livro “O ponto de mutação”, Fritjof Capra fala justamente sobre conexões em rede. Baseando-se nesse conceito, onde está o ponto de mutação para que a sociedade saiba efetivamente atuar dessa maneira?
Oliveira - Tudo é rede. O estado natural da vida é em rede como abordado por Capra. Se ninguém atrapalhar saímos atuando em rede naturalmente. A sociedade industrial se escravizou em um padrão de interação mais centralizado em função de sua necessidade objetiva de reprodução em escala. Tal padrão caracteriza-se pela obstrução de conexões naturais para exercer o comando e o controle necessários à linha de produção. Nos dias de hoje, por termos exaurido o planeta com o modelo de produção e ao consumo. Precisamos nos reinventar, criar. Esse é o ponto de mutação. Seremos obrigados, daqui para frente, a entender o padrão de rede distribuída e suas características, pois é esse o padrão da criação, da inovação.
SG - Todos estão prontos para atuar em rede? Se não estão, o que falta?
Oliveira- O padrão natural das coisas é em rede distribuída. Nascemos sabendo, mas vamos sendo impedidos pelos padrões centralizados da sociedade industrial de exercer essa aptidão em sua plenitude. É só parar de atrapalhar que a coisa vai.
SG – Qual o comportamento adequado para se trabalhar em rede?
Oliveira-O comportamento é um atributo da forma, é como as pessoas se organizam, nada mais. Padrões de organização centralizados, hierárquicos, geram comportamentos competitivos. Padrões distribuídos geram comportamentos colaborativos. Simples.
SG - O processo criativo já consegue ser feito de maneira eficaz em rede?
Oliveira - As redes de padrão distribuído são inclusivas, enquanto que as centralizadas são exclusivas. A primeira é repleta de conexões e, portanto, é mais subjetiva. A segunda escasseia conexões e, portanto, é mais subjetiva. Dessa forma, o padrão da criação é o da rede distribuída e o padrão da reprodução é o da rede centralizada. Só há criação se houver rede.
SG - O processo produtivo funciona em rede?
Oliveira - O raciocínio é o mesmo: a reprodução tem padrão centralizado. É exclusiva de conexões. Na rede distribuída há a produção do resultado inesperado, ou seja, a criação. Na rede centralizada há a produção do resultado esperado, ou seja a reprodução.
SG - Como atuar em rede sem perder a responsabilidade individual dentro de todo o processo?
Não há conflito sobre isso.Quando você fala sobre responsabilidade individual dentro de todo o processo deve estar se referindo as caixinhas lineares da linha de produção industrial . Isso se mantém na rede centralizada e não é relevante na rede distribuída pela sua característica criativa.