05/09/2013
Despois de se atrasar mais de uma hora para um encontro com empresários de Cotia e região, o ex-ministro, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, José Serra, prometeu conversar com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre a situação do trânsito na Raposo Tavares. Ainda um pouco atordoado pela realidade que viu, Serra disse não saber exatamente o que vai propor – metrô, integração com linha de trem de Carapicuíba, ou outra alternativa. Mas afirmou que, a situação como está é impossível de continuar, e que vai, pessoalmente, levar o problema ao Palácio do Governo.
Serra esteve na sede do Ciesp de Cotia para conversar com o Grupo de Jovens Empreendedores daquela organização e seus convidados. Foram cerca de 100 pessoas ouvindo principalmente suas críticas à carga tributária. Como ele mesmo assumiu, conhece pouco o cotidiano do setor privado, já que sua carreira deu-se ou no governo ou na academia. Mas tocou em assuntos que eram de interesse de todos.
Para o economista o Brasil começa a sair de um ciclo de forte crescimento, cujo ápice teria sido no Governo Lula. Hoje, segundo ele, o País cresce menos da metade do que crescia nos anos 1960 e 1970. A aceleração das importações e a valorização cambial também são sinais de que o Brasil não está tão em alta quanto ainda alguns afirmam.
O “custo Brasil”
“A desindustrialização é clara. Hoje a participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) é a mesma do pós-guerra”, afirmou o economista. Além das questões já citadas e a desaceleração da economia mundial, Serra lembrou o chamado “custo Brasil”, que inviabiliza muitos negócios. Como “custo Brasil” ele define uma série de itens ligados principalmente à excessiva carga tributária e à falta de infraestrutura. “No mercado internacional, o País perde cerca de 25% da sua competitividade em comparação aos produtos industrializados de outros países. A falta de políticas consistentes para a retomada do crescimento está fazendo com que se ande em círculos. Afinal, entre os países emergentes o Brasil tem a maior carga tributária do mundo. E já foi a segunda entre todos os países do planeta”, complementou.
Em relação à infraestrutura, o ex-ministro afirmou que, em um ranking de 140 países, o Brasil está entre os dez últimos em relação a investimentos nesse setor. “O Brasil ainda está muito atrasado em relação ás PPPs – parcerias público-privadas”, afirmou lembrando ainda dos custos indiretos que uma política tributária complicada pode trazer. “Não são só os impostos, há também despesas como contador, que está totalmente ligado a essa complexidade. Nesse aspecto se mostra pouco otimista: “mudar a política tributária como um todo pode não ser uma boa ideia, pois baixa-se uma alíquota aqui e compensa-se de uma outra maneira. Por outro lado, fazendo constantes pequenos ajustes, esse risco diminui”, conclui.