Já Rolou - Dia da Consciência Negra ganha sessão Solene, Café com Axé e glossário básico antirracista

17/11/2022

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Com sessão solene na Câmara e Café com Axé na Congada, comemoração do dia da Consciência Negra convida todas pessoas a refletirem sobre o racismo estrutural da sociedade ao começar por termos na linguagem verbal que você confere nesta matéria

Há apenas 134 anos foi abolida a escravatura no Brasil, último país do continente americano a libertar os escravos. As sequelas são evidentes. Segundo o IBGE, a população negra corresponde a 54% dos brasileiros, ou seja, mais da metade da população brasileira. Essa informação  é bastante relevante, principalmente quando o IBGE também informa em outra pesquisa  que a população negra é a que mais sofre com a situação da pobreza, na qual 3 (três) em cada 4 (quatro) pessoas são negras.

Nosso idioma foi construído sob forte influência do período de escravização e muitas das expressões da época seguem sendo usadas até hoje, ainda que de forma inconsciente ou não intencional. Precisamos repensar o uso de palavras e expressões que são frutos de uma construção racista. Um bom começo para o dia da consciência negra é refletir sobre alguns termos usados:

Da cor do Pecado:

Muitas vezes usada como "elogio" por pessoas brancas, carrega a cultura racista de "hipersexualização dos corpos negros, estigmatizados no período colonial, quando os 'senhores' violentavam sexualmente mulheres negras e encaravam isso como um momento de diversão".

Dar com Pau:

Usada hoje em dia para expressar "abundância" ou "grande quantidade", também remete à violência da escravidão.

Nas coxas:

A expressão costuma ser usada para se referir a algo mal-feito, quando as telhas eram feitas de argila, moldadas nas coxas de pessoas escravizadas. Como tamanho e formato variavam, a expressão remete a algo mal-feito.

Disputar a negra:

Essa expressão é usada para se referir aos senhores de escravos colocando como prêmio em jogos ou apostas uma mulher negra escravizada.

Macumba:

A palavra originalmente era usada como nome de um instrumento de percussão de origem africana, semelhante a um instrumento de reco-reco, diz a cartilha. No Brasil passou a ser utilizada de maneira pejorativa para se referir às oferendas a orixás nas religiões de matriz africana. Indica-se usar Ebó ou despacho para se referir às oferendas.

Mulato/a:

O termo "mulato", na língua espanhola, se referia ao filhote macho do cruzamento do cavalo com a jumenta ou da égua com o jumento- o que em português chamamos de mula.

Criado-mudo:

A origem do termo criado-mudo é alvo de diferentes teorias, uma delas se refere aos criados, geralmente pessoas escravizadas, que deveriam segurar objetos para seus senhores e eram proibidos de falar. Na dúvida, é melhor usar mesa de cabeceira

Em Cotia

Sessão Solene

Está marcada para sexta-feira (18 de novembro), a partir das 18h, a sessão solene em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra [20 de novembro], na Câmara Municipal de Cotia. O evento terá a presença de representantes do movimento Caminhada Pela Cultura de Paz e Não-Violência de Cotia, de artistas locais e de representantes de religiões de matrizes africanas. A sessão é aberta ao público.

O objetivo do evento é promover uma reflexão sobre a atual conjuntura do povo negro no país e está sendo organizado com o apoio das Secretarias dos Direitos Humanos, Cidadania e da Mulher e da Cultura e Lazer. Entre as atrações confirmadas estão os cantores de Cotia, Karen Santos e Fábio Maganha, que farão o lançamento de uma música produzida especialmente para a data.

"Em Cotia o canal de reflexão, de conscientização, de combate ao preconceito e ao racismo está sempre aberto. Contamos com a presença da população neste evento que buscará, entre outros, debater, criar e fortalecer políticas públicas que corrijam injustiças com o povo preto e que dissolva o racismo que ainda se faz presente", disse Gilmar de Almeida, gestor cultural de Cotia.

"Em Cotia o canal de reflexão, de conscientização, de combate ao preconceito e ao racismo está sempre aberto. Contamos com a presença da população neste evento que buscará, entre outros, debater, criar e fortalecer políticas públicas que corrijam injustiças com o povo preto e que dissolva o racismo que ainda se faz presente"

Câmara: Rua Batista Cepelos 91. Dia 18/11, sexta-feira, às 18h

Café com Axé

No próprio domingo, no Dia da Consciência Negra acontecerá o tradicional Café com Axé produzido pelo Instituto Gira-Sol, em parceria com várias iniciativas. Desta vez será na sede da Congada de São Benedito, com início às 10h da manhã. Conversas sobre Cultura de Paz, religiões afrobrasileiras e sonhos comuns para uma sociedade mais igualitária são tecidos no evento. Os presentes discutirão sobre o tema 'Respeito às diferenças – união na igualdade'. A entrada é franca e livre para todos os públicos. Integrantes da Congada de São Benedito farão uma apresentação especial para marcar a data.

A programação está sendo realizada pelo movimento Caminhada Pela Cultura de Paz e Não-Violência, que conta com a participação da Equipe de Base Warmis – Convergência das Culturas, Mensagem de Silo, Instituto Gira-Sol, Parque de Estudos e Reflexão de Caucaia do Alto, Casa de Ayrá Tradição e Cultura, Ilê Orixá Obá Ayrá, Secretarias de Cultura e Lazer, dos Direitos Humanos, Cidadania e da Mulher e de Educação, e pela Congada de São Benedito de Cotia.

 Serviço

Café com Axé

Tema: 'Respeito às diferenças – união na igualdade'

20 de novembro – 10h

Sede da Congada de São Benedito – Rua Padre Manoel Ferreira Seixas, 146 – Vila São Joaquim

Dia Nacional da Consciência Negra

O dia 20 de novembro foi instituído como o Dia Nacional da Consciência Negra pela Lei Federal 12.519/11. O objetivo é homenagear Zumbi dos Palmares, ícone negro que se tornou mártir da luta pela liberdade de culto e religião e contra a escravidão no Brasil. Zumbi ficou conhecido como o Herói da Liberdade. A data de sua morte é 20 de novembro de 1695.