29/01/2024
matéria atualizada em 01/02
O Brasil registrou, nas primeiras três semanas deste ano, 120.874 casos de dengue, o que representa um aumento de 170% em relação aos 44.752 casos registrados no mesmo período do ano passado. O país já tem também 12 mortes suspeitas por dengue só em 2024.
O Distrito Federal registrou quase 30 mil casos prováveis e seis mortes provocadas pela dengue, entre 1º de janeiro e o último fim de semana. São exatamente 29.492 casos prováveis da doença. A Secretaria da Saúde do DF investiga outras 24 mortes. A capital do país está em situação de emergência.
No estado do Rio os casos cresceram 587% e continua com forte tendência de alta da doença, apresentando números acima da média histórica. Nas três primeiras semanas de janeiro, o estado registrou 9.963 notificações de casos prováveis da doença.
O governo de Minas Gerais declarou situação de emergência em saúde pública em razão do cenário epidemiológico de arboviroses no estado – sobretudo dengue e chikungunya. O decreto foi publicado neste sábado (27) no Diário Oficial de Minas Gerais. De acordo com a publicação, até o momento, foram registrados 11.490 casos confirmados de dengue e 3.067 casos confirmados de chikungunya no estado apenas nas três primeiras semanas de 2024.
Em Cotia, os números de casos confirmados de dengue mostram que o município segue a tendência nacional com um aumento alarmante. Apenas nos 30 primeiros dias de 2024, a cidade já anotou 117 casos confirmados da doença. Durante todo o ano de 2023, foram 114 confirmações. Os números colocam a cidade em alerta e a Secretaria de Saúde, por meio da Vigilância Ambiental, está com suas equipes de controle de vetores nas ruas diariamente para localizar e eliminar focos do mosquito Aedes aegypti, mas, para além disso, a equipe busca conscientizar e lembrar a população que os cuidados contra a doença são responsabilidade de todos.
No estado de São Paulo, entre os dias 1 e 20 de janeiro de 2024 registraram-se 10.728 casos de dengue. O número já é mais que o dobro do registrado no mesmo período no ano passado, quando foram contabilizados 3.299 casos confirmados da doença.
O estado também já confirmou quatro mortes pela dengue, segundo o último balanço da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Duas mortes foram registradas em Pindamonhangaba, uma em Jacareí e outra em Bebedouro, cidades do interior de São Paulo.
Vacinação contra dengue
No Brasil, as internações devido à doença no ano passado causaram um custo de R$ 19,7 milhões ao Poder Público e, junto com o aumento de casos neste início de ano, preocupa a União e os governos estaduais e municipais.
Uma das iniciativas foi a incorporação da vacina contra a dengue, que será aplicada na população de regiões endêmicas. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no último sábado (20). O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.
Onze cidades de São Paulo vão receber o imunizante. São elas:
Guarulhos, Suzano, Guararema, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Arujá, Santa Isabel, Biritiba Mirim e Salesópolis.
A reincidência é possível e perigosa
A reinfecção pelo vírus da dengue é possível porque existem quatro variantes: o DENV-1 (vírus dengue-1), o DENV-2, o DENV-3 e o DENV-4. O período de maior circulação do vírus e seus subtipos é nas estações mais chuvosas, como primavera e verão. Por isso, é fundamental evitar o acúmulo de água parada para impedir que o mosquito transmissor coloque ali seus ovos e, consequentemente, dissemine a doença.
No caso da dengue, predominância de infecções é de sorotipo 1, mas já há também detecção de casos do sorotipo 3, que não circulava de forma epidêmica no Brasil há mais de 15 anos. Os sintomas iniciais são os mesmo da dengue clássica, mas podem evoluir para um quadro grave e levar ao óbito.
Cenário epidemiológico?
Em 2024, o número de casos de dengue no Brasil pode chegar a 5 milhões, segundo estimativa do Ministério da Saúde. De acordo com Ethel Maciel, secretaria de Vigilância em Saúde, a projeção do número de casos da doença este ano no país varia de 1,7 milhão até 5 milhões, com uma média de 3 milhões. As previsões foram feitas em uma parceria entre a pasta e o InfoDengue, da Fiocruz.
A projeção do aumento de casos se deve a uma combinação de fatores, em especial calor e chuva intensos, e ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil. Atualmente, os quatro sorotipos da doença (1, 2, 3 e 4) circulam no país, em uma situação considerada "incomum", segundo Maciel.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Centro-Oeste deve encarar um cenário epidêmico. Também há risco de epidemia no Sudeste, em especial Minas Gerais e Espírito Santo. No Sul, o principal estado de risco é o Paraná. Já no Nordeste, a expectativa é que o cenário não chegue a um nível epidêmico, apesar do aumento dos casos.
Em 2023, o Brasil bateu o recorde de ano com mais mortes causadas pela dengue. De acordo com o painel de monitoramento das arboviroses, mantido pelo Ministério da Saúde, são 1.079 óbitos confirmados até o último dia 27, além de outros 211 que estão em investigação.
Um levantamento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no fim do ano passado apontou que o Brasil lidera o número de casos de dengue no mundo, com 2,9 dos 5 milhões de casos registrados em 2023.
A dengue é uma doença cíclica, que provoca um número maior de casos geralmente de três em três anos. No entanto, na última década os diagnósticos e desfechos mais graves da doença têm alcançado patamares mais elevados.
Como enfrentar
O Ministério da Saúde reforça que a principal medida de enfrentamento das arboviroses é a eliminação dos criadouros do mosquito. Daí a importância de receber os agentes de saúde, que vão ajudar a encontrar e eliminar possíveis criadouros. São 102.633 Agentes de Combate às Endemias em todo o Brasil, sendo 9.897 para atender os 645 municípios paulistas.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, alertou que cerca de 74% das larvas do mosquito são encontradas próximas às residências e no entorno das casas. Portanto, é necessário receber os agentes que combatem os criadouros do mosquito e também tomar medidas de prevenção, como manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas, capas ou tampas. Usar repelente, roupas compridas e instalar telas mosquiteiros em casa também ajudam a prevenir a doença.