17/01/2024
Por que população de 06 a 16 vai receber antes a vacina contra dengue?
O anúncio do Ministério da Saúde de que vai priorizar a população entre 6 e 16 anos na vacinação contra dengue foi bem recebido por especialistas.
Enquanto não há doses suficientes para ampliar a imunização para adultos e nem aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aplicação em idosos, a avaliação é que iniciar a estratégia por crianças e adolescentes está correta.
O anúncio foi na segunda-feira (15) e segue a recomendação da Sala de apoio à Gestão Estratégica (SAGE) e da OMS (Organização Mundial da Saúde).
No Brasil, não são os mais jovens que compõem a maior parcela de casos graves e mortes por dengue. Ainda assim, como o imunizante não foi liberado pela Anvisa para aplicação em idosos, Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) avalia que o benefício de vacinar adultos não seria muito superior a vacinar crianças.
"Dependendo da região, as taxas de hospitalização são até maiores em crianças de 5 a 9, por exemplo, ou de 10 a 11 do que em adultos e idosos. A escolha pelas crianças e adolescentes é baseada nessa epidemiologia de hospitalizações, que aqui no Brasil se concentra muito na faixa pediátrica, e também nos estudos da vacina."
Os estudos também mostram que, em boa parte do Brasil, 50% dos moradores já tiveram contato com o vírus da dengue aos 10 anos de idade. Nesse sentido, englobar a faixa etária na vacinação é uma maneira de minimizar os riscos ante uma segunda infecção, na maioria das vezes mais grave do que a primeira.
O fabricante tem capacidade para entregar até novembro deste ano 5 milhões de doses.
Como o esquema vacinal é composto de duas doses, essa quantidade é suficiente para vacinar 2,5 milhões de pessoas. Para se ter uma ideia, só a cidade de São Paulo tem 1,5 milhão de pessoas entre 6 e 16 anos de acordo com o Censo 2022.
A ideia é que a vacina seja aplicada em locais com alta carga da doença e grande intensidade de transmissão, de forma a maximizar o impacto na saúde pública. No caso do Brasil, União, estados e municípios ainda vão se reunir para definir as áreas de distribuição do imunizante.