11/07/2025
Mauricio Orth
Resultado do ato público do "Segundo abraço da Vila do DAE", aconteceu na Sede da Prefeitura em 03/07 uma reunião reunindo uma comissão formada por moradores, pesquisadoras(es), ativistas e técnicas(os) representando o Movimento em defesa da Vila do DAE e da Reserva Morro Grande, o Poder Público, com o prefeito Welington Formiga, o vice-prefeito Paulinho Lenha e o chefe de gabinete Edgar de Souza e a Sabesp, representada por Sandra Garcia, Gerente executiva de relações institucionais e Dirlene Gomes, Gerente de relações contratuais da região metropolitana. A Reunião aconteceu de forma civilizada e madura, onde todos puderam expor suas ideias.
O Prefeito
O prefeito Formiga abriu a reunião defendendo uma abordagem pacífica e baseada no diálogo para tratar da situação da Vila do DAE e da Reserva do Morro Grande. Segundo ele, o objetivo é encontrar soluções que respeitem a história local e garantam a preservação ambiental da área, considerada patrimônio da cidade e “da humanidade”.
Formiga destacou o compromisso da gestão com a sustentabilidade e pediu que a Sabesp reconhecesse o interesse coletivo da população em proteger a reserva. "O que está em jogo é a nossa história e o legado que deixaremos para as próximas gerações", afirmou.
O Movimento
Integrantes do Movimento chamaram a atenção para a importância histórica e ambiental da Vila do DAE e da reserva que a cerca. Segundo o grupo, a vila representa um capítulo único na história do abastecimento de água do estado, sendo considerada um sítio histórico sem paralelos no Brasil.
Além do valor patrimonial, a área é apontada como essencial para a regulação climática regional. A reserva, com mata atlântica em condições únicas na região metropolitana, cumpre papel estratégico no equilíbrio de temperaturas e mitigação dos extremos climáticos.
O Movimento também denuncia invasões recorrentes na área, com acesso irregular por ciclistas, pedestres e caçadores. Segundo relatos, já foram registrados acidentes graves, incluindo casos de afogamento. Os ativistas alertam para os riscos à segurança e à preservação ambiental e pedem medidas de proteção mais efetivas.
Em meio a um clima de incerteza, moradores da Vila do DAE expressaram também preocupação com possíveis medidas de demolição de mais casas na área. O grupo ainda questionou a necessidade das ações e pediu diálogo para evitar a perda de um patrimônio histórico e afetivo da comunidade.
Por fim, os moradores demonstraram que procuravam entender a posição da Sabesp quanto ao futuro da vila e solicitaram apoio da companhia no processo de tombamento do local como forma de garantir sua preservação. "Queremos saber se a Sabesp apoia e como pode colaborar com a construção de uma solução conjunta", afirmaram.
Propostas do Movimento
Em meio ao debate, moradores e representantes do Movimento sugeriram transformar a área em um polo de educação, cultura e turismo sustentável. Uma das propostas é reativar as visitas monitoradas à histórica Estação de Tratamento de Água do Alto Cotia, com mais de 100 anos e fundamental no abastecimento por gravidade da capital paulista. Além disso, foi sugerida a criação de um centro socioambiental no local. Promovendo atividades de educação ambiental e conscientização sobre a importância da preservação da natureza, a ideia é que o espaço atenda não só alunos de Cotia e região, mas também os idosos da comunidade, promovendo uma ação intergeracional.
A Sabesp
Representantes da Sabesp reconheceram as falhas na comunicação com os moradores da Vila do DAE e pediram desculpas pelos impactos causados pelas recentes demolições. Segundo a companhia, a ação foi realizada sem o diálogo adequado com a comunidade, o que não corresponde à intenção da empresa. “Esse não é o objetivo que nós temos. Peço desculpas às pessoas que foram afetadas”, afirmou Sandra Garcia.
A Sabesp reiterou que não pretende eliminar ou fragmentar a Reserva do Morro Grande, que é uma área tombada e de preservação ambiental. Também reconheceu os desafios de manter o controle sobre o acesso irregular e destacou a importância de parcerias com o poder público e a comunidade para proteger o território.
Sobre o futuro das casas, a empresa informou que o processo de tombamento das construções está sendo avaliado internamente. Afirmou ainda que a empresa está revisando as decisões anteriores.
Validação
Ontem, 10/07, em busca de uma checagem de posição do poder público, o Site da Granja conversou com Edgar de Souza, Chefe de Gabinete:
Sobre o posicionamento da Prefeitura
“O prefeito já manifestou oficialmente à Sabesp o interesse no tombamento da Vila do DAE. Estamos atuando junto ao Condephaat para que esse processo avance. Também comunicamos à Sabesp que nenhuma nova demolição deve ser feita e que as casas que ainda estão de pé devem ser preservadas com essa finalidade.”
Tombamento por iniciativa Municipal
“Muita gente tem sugerido um tombamento por decreto, mas a Procuradoria do município entende que esse não é o caminho legal. Para isso, seria necessário criar um Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural, o que envolve edital, regulamentação e tempo — é um processo mais lento, que pode levar meses. Por isso, nossa estratégia tem sido pressionar o Condephaat para que nos atenda com mais agilidade. O prefeito foi muito claro: a posição do município é favorável ao tombamento.”
Impressões sobre a Sabesp
“Durante a reunião, sentimos uma receptividade muito boa por parte da Sabesp. As representantes que estiveram presentes, responsáveis pelas relações institucionais da empresa, demonstraram sensibilidade à situação. As conversas foram maduras, produtivas. É claro que ainda será preciso algum tempo. A Sabesp é uma empresa com estrutura complexa, e as decisões precisam passar por outras diretorias. Mas saímos da reunião com o compromisso de que nenhuma outra casa será derrubada. As que permanecem serão preservadas até que tenhamos uma definição concreta.”
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