26/01/2022
O famoso empreendimento Reserva Raposo, popularmente chamado de “Raposão”, bairro planejado em andamento no Jardim Boa Vista, altura do km 18 da Raposo Tavares, sonho de moradia de milhares de pessoas e pesadelo dos granjeiros e Cotianos que se preocupam com o impacto que ele pode provocar no trânsito, pode não ter um final feliz. Ao menos para os investidores que amargam prejuízos.
Controlado majoritariamente pela FIP (Fundo de Investimentos e Participações) Nova Raposo, criado em 2017 e estimado em mais de R$ 5 bilhões, vem perdendo o valor nos últimos meses por uma conjunção de fatores. Uma delas é o atraso na entrega. Dos 18 mil apartamento previstos, só entregou 1,4 mil, ou 10% do VGV (Valor Geral de Vendas) total, segundo informações do O Globo. Com isso, não conseguiu gerar caixa na velocidade prevista. As cotas do empreendimento que seria o sonho de consumo das classes B e C, sofreram depreciação de quase 64%.
Após o comunicado oficial feitos aos investidores, eles se sentiram lesados e denunciam o fato à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). De acordo com a Associação Brasileira de Investidores, a Abradin, que representa esses cotistas, os mesmos foram vítimas de “insider trading” (expressão utilizada para se referir ao uso indevido de informação privilegiada) e de indução ao erro por parte do fundo.
Os investidores reclamam que a administração da FIP deixou de prestar informações sobre a desvalorização das cotas. Alegam ainda que fundos de investimento tenham tido acesso a informações específicas para reduzirem sua participação no capital do FIP antes disso.
Ainda segundo publicação do O Globo, o capital do fundo atualmente está na mão de quase 300 pessoas físicas, o que corresponde a cerca de 87% do total. Segundo a BV Asset, gestora do Banco Votorantim que toca o fundo, as premissas do projeto mudaram após uma série de reveses.
O projeto nasceu polemizando e assustando moradores vizinhos, sobretudo da Granja Viana que temiam ou temem pelo impacto no trânsito da Raposo Tavares, principal acesso aos futuros moradores do novo bairro planejado e também principal acesso dos cotianos à capital.
Foram muitos movimentos tentando barrar ou readequar a obra, que foi interrompida em 2018 após ação popular. E este teria sido um dos motivos que levaram ao atraso na entrega e também à desvalorização do negócio nas mãos majoritariamente de dois grupos. Além do FIP Nova Raposo que detém 55% do empreendimento, o Grupo Rezek, que atua no setor imobiliário possui um grande percentual.
Alta da inflação e dos juros teriam aumentado os custos do projeto. E o fato de as unidades fazerem parte do programa habitacional do Governo Federal, “Casa Verde e Amarela” impede o aumento de preços. Os sócios acumulam dívidas.
Em entrevista ao O Globo, a BV Asset disse que “o cenário momentâneo, de alta nas taxas de juros e ainda com efeitos negativos da pandemia, mostra-se desfavorável para o setor imobiliário como um todo.