19/04/2023
A escolha da data recorda a realização do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, que ocorreu em 19 de abril de 1940 em Patzcuaro, México. O objetivo era reunir os líderes indígenas das diferentes regiões do continente americano e zelar pelos seus direitos.
Afinal, antes da chegada dos primeiros europeus em terras americanas, todos os países deste continente eram amplamente povoados por grandes nações indígenas.
No Brasil, a data foi oficializada em 2 de junho de 1943, durante a ditadura do Estado Novo. Ela se deu, em boa medida, pela pressão de Marechal Rondon, importante indigenista brasileiro.
Essa data tem como propósito manter viva as histórias e as culturas dos quase 900 mil indígenas que existem no Brasil, de acordo com o Censo de 2010. Essa manutenção é fundamental, sobretudo por conta de todo o histórico de desrespeito em relação aos indígenas no Brasil, especialmente se considerando o quanto estes povos contribuíram para a formação da nação.
Muitos indígenas e grupos que atuam em defesa desses povos apontam que o dia 19 de abril é mais uma data para reflexão e luta do que necessariamente de celebração, uma vez que há muito a se avançar nos direitos dos povos originários brasileiros. Os últimos registros dos acontecimentos na reserva Yanomami são prova irrefutável deste fato. O órgão responsável pela proteção dos indígenas brasileiros é a Funai.
Um acontecimento recente em Cotia reflete bem esta questão:
A artista indígena Tamikuã Txihi realizou em dezembro de 2020 no centro de Cotia um mural que fazia parte do 'Festival Paredes Vivas', projeto que utiliza a arte urbana como ferramenta de conscientização ambiental e social.
Em fevereiro deste ano, sua obra foi apagada pela empresa Godoi Construtora, que pintou a lateral do prédio com tinta amarela para colocar um outdoor de divulgação de um novo condomínio da empresa. Além de ter apagado a arte, ainda afrontou a Lei Cidade Limpa e foi notificada pela Secretaria de Indústria, Comércio e Empreendedorismo de Cotia.
A artista destacou que, por Cotia ser terra indígena, o grafite representava “a resistência dos povos originários e o resgate histórico da cidade”.
A Godoi Construtora afirmou que não tinha ciência da origem da arte e se comprometeu em contratar a autora para refazer o trabalho artístico. O caso ainda aguarda um desenlace.
Ainda aqui em Cotia temos uma iniciativa notável sore o tema:
Nibu – Diálogo de Saberes
Grupo da sociedade civil composto por pessoas de diversas áreas do conhecimento em povos indígenas que tem como objetivo fortalecer o movimento indígena com o projeto “Diálogo do Conhecimento”, a ponte entre universo indígena e não indígena.
O projeto consiste no fortalecimento da cultura e qualidade de vida dos povos indígenas no Brasil com ações diretas nas aldeias, como saneamento básico, educação e eventos nas cidades para conscientizar a população.
A necessidade de preservação e revitalização das culturas indígenas depende da sua autonomia como povo, dadas as novas realidades de contato com o mundo não indígena, proporcionando conhecimento para a sua sobrevivência.
O Nibu fica na Rua Bélgica, n. 9 - Jardim Santa Paula
Contato:
Luiz Nibu
(11 )999955705
Museu das Culturas Indígenas
Localizado na capital de São Paulo, o Museu das Culturas Indígenas é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo
Um espaço de diálogo e encontros entre povos indígenas e não-indígenas, um compartilhamento mensagens, ideias, saberes, conhecimentos, filosofias, músicas, artes e histórias.
Exposições temporárias:
“Ocupação Decoloniza – SP terra indígena” – coletiva
Instalada na área externa do térreo, inclui o grafismo guarani que adorna o gradil da entrada, as pinturas nas paredes laterais, que representam os povos Yanomami e Maxakali e também uma empena da lateral esquerda do edifício-sede do MCI, com criação da artista Tamikuã Txihi. Uma onça-mãe traz a mensagem da importância do papel feminino na defesa da vida.
“Ygapó: terra firme” – Denilson Baniwa
A exposição do artista e curador Denilson Baniwa é um convite para adentrarmos a floresta Amazônica por meio de experiências sensoriais. Ela traz produções contemporâneas, tradicionais, sonoras e visuais de músicos indígenas.
“Invasão Colonial ‘YVY Opata’ A Terra vai Acabar
O artista Xadalu Tupã Jekupé traz sua estética na arte urbana contemporânea. Sua obra denuncia como os territórios originários em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estão sendo engolidos pelo cimento da cidade, que devora terras e vidas.
Museu das Culturas Indígenas
R. Dona Germaine Burchard, 451 - Água Branca, São Paulo/SP
(11) 3873-1541 ou contato@museudasculturasindigenas.org.br
mais info AQUI
Exposições no MASP
O Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou três novas exposições. Todas elas têm olhar voltado às histórias indígenas, tema que foi escolhido para a programação do museu durante todo este ano de 2023 e que pretende apresentar a diversidade e complexidade dessas culturas, além de discutir o silêncio da história oficial da arte em relação a essa produção artística.
“O ano de 2023 é dedicado [no Masp] aos povos indígenas e às artes indígenas. Particularmente considero que é um passo muito grande de reconhecimento das artes e dos saberes indígenas, que historicamente foram excluídos e estiveram à margem dos museus, e hoje estão sendo convidados para participar dessas instituições, particularmente do Masp”,
disse Edson Kayapó, curador adjunto de arte indígena do Masp.
Mais informações AQUI