31/08/2022
O número de armas registradas nas mãos de caçadores, atiradores e colecionadores (os chamados CACs), atingiu a marca de 1 milhão. Os dados do Exército foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação pelos institutos Igarapé e Sou da Paz, através do site G1.
O número de armas nas mãos dos CACs quase triplicou desde dezembro de 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro foi eleito. Desde então, os registros subiram 287% em todo o país. O número de armas passou de 350,6 mil e chegou a 1.006.725 em julho deste ano. Em média, 449 pessoas obtêm licença para usar armas no país a cada 24 horas. São quase 19 por hora.
Esse arsenal de 1 milhão de armas está, de acordo com os registros militares, nas mãos de 673,8 mil CACs.
Os CACs podem adquirir de revólveres a fuzis de repetição. As pessoas que têm registro como atiradores, por exemplo, têm o direito de possuir até 60 armas, sendo 30 de uso restrito, como fuzis. Os caçadores podem ter até 15 armas com alto poder de fogo. Não há limite para colecionadores.
A Polícia Federal emite porte para civis que tenham direito a porte e posse: promotores, juízes, policiais e guardas municipais.
"Essa explosão de armas é muito preocupante quando a gente sabe que o Exército não investiu na fiscalização. E isso acontece em um momento do nosso país em que vemos quase 700 mil pessoas armadas (os CACs) com o risco de utilização dessas armas em um momento sensível de nosso país, em que estamos numa campanha eleitoral polarizada", afirmou Carolina Ricardo, do Instituto Sou da Paz.
O Estado de São Paulo foi o que registrou o maior crescimento de armas registradas, de acordo com os dados da 2ª Região Militar do Exército. Em 2018, eram 133,3 mil armas nos acervos dos CACs em São Paulo. Em cinco anos, foram 146,1 mil armas a mais registradas.
Os maiores aumentos percentuais (entre 2017 e 2022) aconteceram na região do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, com mais de 700%. Em números absolutos isso significa que, em 2018, havia 2,6 mil registros na região. Em julho, estavam registradas 21.196 armas dessa categoria.
Outra região que registrou um crescimento no número de armas nas mãos dos CACs, foi a de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O percentual foi da ordem de 408%. Em 2018, eram 8,9 mil armas registradas nos dois estados. Em julho, o número de armas chegou a 45,6 mil.
Na terça-feira (30), o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu proibir o porte de armas nas seções eleitorais durante o pleito.
Fonte: g1 Rio