07/05/2025
Foi ele quem deu nova cara ao Centrinho da Granja — com equilíbrio, sensibilidade e ousadia na medida. A Estação do Sino, um dos ícones da região, nasceu do seu olhar atento, que escutava as árvores e o som do córrego. “Na época, o córrego era ignorado. Os recuos, desrespeitados. Propus um projeto que integrava tudo, sem agredir. Com vegetação densa nas margens. Depois disso, outros começaram a seguir esse cuidado”, conta.
Mais do que mudar paisagens, sua arquitetura ensinou, inspirou empresários, criou jurisprudência, corrigiu falhas urbanas, . “A arquitetura pode e deve puxar o mundo para frente — com gentileza”, diz João Paulo, que vê no urbanismo um diálogo possível entre avanço e preservação.
Projetar com alma e proporção
Morador da Granja desde 1993, João Paulo se conectou à região antes disso, ao sonhar com amigos um condomínio perto do INPLA. Foi assim que nasceram projetos como Vila Santa Lúcia e Vila dos Jacarandás, na Fazendinha — com casas pensadas para preservar o máximo de verde. “É curioso ver gente buscando a natureza, comprando casa — e depois cortando as árvores. Não entender que a natureza é parte da casa é não entender o espírito da Granja.”
Mesmo depois de passar quase uma década fora do país e também trabalhando na Bahia, a conexão com a Granja permaneceu firme. “Voltei e reencontrei amigos no documentário “Caminhos da Granja”. Foi emocionante ver que lembravam de mim. Estou aqui há 30 anos e quero continuar contribuindo”, afirma o arquiteto, autor de dezenas de casas e condomínios na região.
Seu traço une beleza e função. Com proporções harmônicas, ventilação cruzada, grandes aberturas e luz natural, projeta como quem compõe música para ser vivida. “A casa tem que respirar com você. Sentir o dia, escutar a chuva. Ela não deve isolar, mas conectar”, defende.
Essa visão está presente em obras como o restaurante Koizan — o primeiro japonês da Granja —, o Jequitibá, o Johnny Be Burger, o prédio do Laboratório Fleury, a Escola de Marketing Industrial, o Kartódromo Internacional da Granja Viana e os vários condomínios que ajudaram a moldar a Fazendinha e o miolo verde da região.
Entre o nanquim e a inteligência artificial
João Paulo começou nos tempos do nanquim e papel vegetal, em escritórios com dezenas de pranchetas trabalhando em uníssono. Hoje, observa com interesse as discussões sobre inteligência artificial no Mackenzie. “Ela traz ideias que talvez você não tivesse. Mostra caminhos fora do radar. Se usada com consciência, amplia — não substitui”, explica. “Com ela, conseguimos mostrar diferentes luzes, simular movimentos, criar realidades virtuais. Ganhamos tempo.”
Sua trajetória também inclui projetos de habitação popular. “Arquitetura é para todos. A dignidade começa com uma planta bem pensada.” Desde cedo, uniu técnica e cuidado para oferecer moradias simples, mas bem resolvidas.
E assim, entre linhas, tijolos e madeira, João Paulo fez mais do que prédios. Criou espaços de encontro, paisagens com alma. Deixa marcas que o tempo respeita.
João Paulo Castanho – Arquitetura com propósito e raízes firmes na Granja Viana
WhatsApp: (11) 99577-2626
Site: fieldstudio.com.br
Instagram: @joaopaulocastanho_arquiteto