08/06/2023
Mauricio Orth
Quando escolhemos usar a palavra “namoro”?
Para muitas pessoas, os relacionamentos assim nomeados indiretamente apontam
para uma sexualização na relação. Até os casados passam por isso: “Mas eles
ainda namoram?” Sim, o sexo pode ser chave e fonte de muita felicidade em
relacionamentos.
Neste sentido, o Site da Granja buscou pessoas e
saberes que consideram de forma muito séria esta questão. Para apresentá-los,
teremos que voltar no tempo.
Há muito tempo, antes de tudo ser como hoje é
O patriarcado surgiu provavelmente da divisão das
tarefas nos tempos primitivos. Grávidas ou amamentando os seus filhos, as
mulheres não dispunham da mesma capacidade física dos homens. A sedentarização
dos povos e a domesticação dos animais levaram à prosperidade econômica e ao
conceito de propriedade privada, determinante para a subordinação da mulher. O
controle da sexualidade e da procriação por parte do homem levou a uma situação
em que as mulheres não tivessem quaisquer direitos à propriedade, que era
transmitida de pais para filhos.
Ainda vemos reminiscências disso nos costumes do
dote ou das joias, sempre utilizadas por mulheres, pois nos tempos antigos
consistiam em sua única defesa, já que a propriedade era exclusivamente
masculina. Ainda hoje, os direitos à propriedade são negados às mulheres em
alguns países islâmicos.
Falando nisso, as religiões influenciaram a continuidade do patriarcado, reforçando a sua necessidade com justificativas metafísicas. Em algumas delas vemos fundamentos que sustentam que as mulheres são criadas por Deus para servirem os homens e gerarem filhos. Assim, a repressão à mulher se aliava à repressão ao sexo.
Aconteceu também a "masculinização" do sexo. Um estudo feito por terapeutas sexuais nos Estados Unidos e Canadá em 2008 perguntava qual deveria ser o tempo médio deu uma penetração em minutos: de 1 a 2 era considerado "pouco", de 7 a 13 "adequado" e de 13 a 30 "muito longo". Outra pesquisa feita na mesma época relatava um tempo médio de 5.6 minutos.
O Taoísmo
Pois há dois mil anos, numa época em que o iniciante ocidente
cristão reprimia freneticamente a sexualidade, havia chineses desfrutando de
uma vida erótica que fundia o sensual e o espiritual, na qual os conceitos de
culpa estavam praticamente ausentes.
Uma diferença básica encontrada no Taoismo está em
seu princípio: Ambos os sexos são complementares. Aqui a ideia do Yin e do Yang
formando um todo é inquestionável. Então, a questão não é definir mulheres
e homens como iguais. A força feminina é água e a masculina, fogo.
Podem até ser equivalentes, mas não são iguais.
Com ênfase na contenção masculina, no prazer
feminino e na visão curativa do sexo como expressão de um equilíbrio cósmico
mais profundo, o TAO (“TAO” é comumente traduzido como “caminho”) do Amor e do
Sexo pode oferecer um novo modelo de amor, ao mesmo tempo excitante e sereno,
apaixonado e compassivo.
Baseado nestes saberes, Ana Alcantara e
Mauricio Orth, da Kzal Comunica, responsáveis pelo jornalismo do Site da Granja, participaram de
um Workshop ministrado pelo centro de ensino e pesquisa "5 Plenitudes",
especializado em saúde integrativa que combina o conhecimento das medicinas
tradicionais com fundamentação científica.
No curso "Amor sustentável e sexualidade
autêntica", a ideia é que de uma forma harmônica, você aprenda a se
relacionar e desenvolver sua sexualidade de forma plena e prazerosa.
As atividades são híbridas, entrelaçando material
didático de forma virtual e promovendo encontros presenciais. No final do
curso, o “TAO do Forró” mescla um baile de forró com meditação para se absorver
os conceitos.
Namorados e o Diálogo
Uma das perguntas frequentes é: “Com o tempo vem o
tédio?”
Manuela Ferraiolo, da 5 Plenitudes, responde: “O tempo de uma relação
é um fator influente na profundidade da experiência. Desenvolver a conexão
sexual durante anos com o mesmo corpo permite o refinamento da prática sexual e
o alcance de experiências cada vez mais profundas. A própria relação
desencadeará um intenso amadurecimento emocional e oportunidade de
autoconhecimento”.
Já Cecilia Gasparian, mestre e Doutora em Educação
pela PUC, Pedagoga, Psicóloga e Psicopedagoga, com mais de 40 anos de
experiência em terapia de casal, diz “Minha linha de pesquisa é
existencialista, transcendental. Ser humano como ser relacional.” Ela segue as
propostas de Martin Buber, o “filósofo do diálogo”: O homem nasce com a
capacidade de inter-relacionamento com seu semelhante, ou seja, a
intersubjetividade. O relacionamento, segundo Buber, acontece entre o Eu e o
Tu, e denomina-se relacionamento Eu-Tu. A inter-relação, diz o autor, envolve o
diálogo, o encontro e a responsabilidade.
Exemplo: a gente é vibração. E se essa vibração
estiver na mesma sintonia, se atinge a ressonância com o par, muito importante.
Assim, ela vê que o sexo sempre bem
orientado perdura, senão fica aquilo por aquilo mesmo, o prazer pelo prazer,
que depois esvazia.
Nas relações, o importante é ter consciência da
necessidade da conversa (as famosas DRs). Somos seres individuais que têm
necessidades, frustações, medos e desejos individuais: “Não vou mudar minhas
características por você”.
Cecília vê na sexualidade uma criatividade em estado primitivo.
Só a sexualidade, se não for transformada, acaba.
E você? O que pensa a respeito?
Serviço:
Workshop Amor sustentável e sexualidade autêntica
Workshop ministrado pelo centro de ensino e
pesquisa "5 Plenitudes".
As aulas são ministradas por Eduardo Alexander,
Ph.D (UERJ e Boston University) em Saúde Coletiva, Promoção de Saúde pela
Medicina Chinesa, com foco em sexualidade e saúde. Fundador do Instituto de
Educação em Saúde 5 Plenitudes, é acupunturista (Craerj 0050) e Terapeuta
Reichiano. O Instituto é gerenciado por Manuela Ferraiolo,
graduanda em Naturologia, Terapeuta em Ginecologia natural Ayurvédica pela
escola Yoga Brahma Vidyalaya, e Doula pela Unimaterna.
Cecilia Gasparian, mestre e Doutora em
Educação pela PUC, Pedagoga, Psicóloga e Psicopedagoga, com mais de 40 anos de
experiência em terapia de casal.