01/08/2025
Mauricio Orth
O atual oleoduto OBATI – Oleoduto Barueri-Utinga, será substituído pelo OBAPI – Oleoduto Barueri-Pilões, que pretende ligar Cubatão a Barueri. A duração da obra está estimada em 4 anos e meio, iniciando em janeiro de 2027 e terminando em junho de 2031.
A Petrobrás está preparando uma mudança no caminho do transporte de combustíveis pesados entre Barueri e o litoral paulista. A ideia é substituir o trecho atual do oleoduto OBATI, que vai de Barueri até São Caetano e passa pela malha urbana de São Paulo, por um novo trajeto: o OBAPI. Com isso, será construída uma nova faixa para o duto. O novo sistema também contará com monitoramento via fibra óptica para garantir mais segurança na operação.
O Projeto Novo Oleoduto OBAPI Escuros Substituirá o antigo. E passará por Cotia.
Não só Cotia: Barueri, Santana de Parnaíba, Cajamar, São Roque, Itapevi, Vargem Grande Paulista, Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu, São Paulo, São Bernardo do Campo e Cubatão. Hoje, o OBATI tem cerca de 50 km e transporta tanto produtos escuros (como óleo combustível) quanto claros (como gasolina e diesel), por dois dutos paralelos.
Novo traçado de oleoduto tenta equilibrar técnica e meio ambiente
O traçado preliminar do novo oleoduto foi definido a partir de análises cartográficas e imagens de satélite, considerando tanto as demandas técnicas quanto preocupações ambientais e sociais. Mesmo com todo o cuidado na escolha do caminho, não foi possível evitar completamente a passagem por áreas de vegetação nativa.
Segundo os responsáveis pelo projeto, em alguns trechos não havia como desviar: seja por conta de áreas urbanas, unidades de conservação ambiental ou obstáculos naturais, como encostas íngremes ou vias já existentes.
Na próxima etapa, com o projeto executivo, será feito um detalhamento mais fino dessas interferências com o relevo. A elaboração de EIA e RIMA para o Projeto da Petrobrás já foi solicitado pela CETESB e deve apontar os motivos da escolha do trajeto e avaliar os impactos, como a supressão de vegetação em áreas mais sensíveis.
O traçado proposto para a faixa nova tem aproximadamente 138 km de extensão e contorna a região metropolitana de São Paulo pelo lado oeste, buscando evitar áreas com maior adensamento populacional. Porém, é esperada a necessidade de passar nas proximidades de casas e chácaras, bem como eventuais desapropriações. Quanto à vegetação, se buscou evitar a superposição com Unidades de Conservação e fragmentos de vegetação florestal, porém, em análise preliminar por interpretação de imagem, é esperada a necessidade de intervenções neste tipo de vegetação em aproximadamente 47,7 km de extensão da faixa, o que somente será identificado com maior precisão com o desenvolvimento do EIA/RIMA.
A faixa originalmente planejada, em vermelho, interceptava a área da Reserva do Morro Grande. A faixa do traçado proposto atualmente, em amarelo, foi desviada de forma a não interceptar a Reserva. Esta derivação resultou em um acréscimo de 2,1 km e, consequentemente, na interceptação dos fragmentos de mata entre os km 66 e 69 do traçado proposto.
Petrobrás bate à porta de moradores para coletar dados e solo — e fala em desapropriação
Moradores de áreas próximas ao traçado do novo oleoduto foram surpreendidos com visitas da empresa Aerosat, contratada pela Petrobrás. Eles estão entregando cartas pedindo autorização para entrar nos imóveis, coletar amostras do solo, documentos dos donos e informações em órgãos públicos.
Segundo relatos, durante as conversas, representantes mencionam possíveis desapropriações e indenizações.
Opiniões
Conversando com o Site da Granja, Fernando Confiança, arquiteto e urbanista de Cotia com especialização em mobilidade e planejamento de cidades, comentou:
“Moradores de áreas rurais e de chácaras da região devem manifestar preocupação com os impactos, pois ele prevê uma faixa de servidão de 20 metros, onde será proibido qualquer tipo de atividade produtiva. Isso representa risco direto ao sustento de diversas famílias e à permanência em suas propriedades, ameaçadas por desapropriações. Além da insegurança financeira e social, o projeto surge em um momento crítico para o município, que já enfrenta problemas com a paralisação do Plano Diretor, dificuldades de mobilidade na Rodovia Raposo Tavares e a pressão por preservação da Reserva do Morro Grande. Sem planejamento urbano integrado, teme-se um agravamento geral da situação. O modelo de desenvolvimento proposto também é criticável. Em meio a uma transição global para fontes de energia limpa, o investimento em infraestrutura para combustíveis fósseis levanta dúvidas sobre o alinhamento estratégico da região com as necessidades das futuras gerações.”
Adriana Abelhão, ambientalista, jornalista, educadora e responsável pela Preservar Ambiental também se manifestou em um artigo: “Estamos enfrentando um dos piores momentos para o meio ambiente no Brasil, com a tramitação do PL da Devastação, o Projeto de Lei que que destrói nossos processos de licenciamento ambiental, e agora, esses projetos desenvolvimentistas vem para cima de nossas cidades produtoras de água para privilegiar o transporte de carga e de combustível fóssil, acelerador do aquecimento global, destruindo mananciais em plena crise climática, no ano da COP30 realizada em nosso país. Não podemos aceitar.”
Características:
Produto Transportado: Óleo Combustível
Extensão do Duto e fibra óptica: 138 Km
Faixa de Servidão: 20 m (10 de cada lado)
Diâmetro: 16 Polegadas (40, 64 cm)
Pressão: 105 bar
Tipo de Material: Aço API 5L