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Planeta Eu

Historinhas e Territórios Quando os olhos de alguém com quem estou conversando se enchem de lágrimas sei que ele ou ela entrou num território interior

17/04/2012



Quando os olhos de alguém com quem estou conversando se enchem de lágrimas sei que ele ou ela entrou num território interior. Um lugar de sofrimento.

Quando isso acontece comigo aprendi a não querer fugir dali culpando a outra pessoa envolvida no assunto, que é quem carrega o poder de evocar esse lugar em mim.

Fique, eu me digo. Ande por ali. Observe que pensamentos sustentam esse lugar. Basta reparar e logo fica audível um certo raciocínio, crenças, vozes da infância, lembranças...

Nesses momentos é comum fazer planos que possam evitar que eu volte novamente a esse sofrimento, então é comum que eu diga: “nunca mais vou entrar em contato com essa pessoa ... não vou mais me expor... vou mudar de cidade... me fechar... não vou mais me submeter” e por aí vai.

Passando tanto por esses processos, acabei conhecendo minhas lágrimas e entendi que há sempre nestes casos uma forte sensação de ter perdido a confiança em alguém, um sentimento de isolamento e decepção, como se não houvesse um lugar para mim no mundo.

Outro dia me aconteceu de novo. Ainda me torna imensamente triste, mas durou pouco dessa vez e logo percebi que estava distorcendo o que tinha acontecido. Estava usando um pequeno acontecimento para revelar mais uma vez esse meu território de dor.

A impressão que fiquei é que nunca vou me curar. Um grande nível de reparação acontece graças as mãos estendidas que vou encontrando pela vida, mas não há como apagar a geografia daquele lugar.

Tinha épocas de muita inconsciência em que eu ficava vagando por ali acreditando que estava andando pela realidade até que um dia fui dormir tomada pela tristeza e ao acordar me veio um pensamento: “todo esse sofrimento, todas essas histórias estão acontecendo só dentro da minha cabeça! “.

Quando finalmente aprendi a não fugir e aguentar o tranco a densidade destes lugares começou a ceder.

Sobrou espaço para eu olhar em volta e ver que nada estava acontecendo no presente. Se alguém tinha sido assim ou assado, me feito isso ou aquilo pertencia ao passado, ao ontem, aos dez minutos anteriores, mas eu mantinha vivo o que tinha acontecido através do meu pensamento, agarradinha com ele, me justificando, atacando, brigando. Elaborando tratados sobre quem tinha causado aquilo.

E aí entram as historinhas... percebi que tenho uma usina delas. A principal, de onde todas as outras derivam, diz para mim que sou tão bacaninha, generosa, que vejo o mundo como uma grande irmandade, enfim, a crença é que sou especial e assim é meu relacionamento com as pessoas.

Tão bem contada essa lorota... a verdade é que sou generosa e também egoísta, bacana e também uma chata. Tenho algumas características boas, que bom! Eu e mais um monte de gente no mundo! Graças a Deus!

Essas historinhas que contava sobre mim condicionava minhas escolhas. E lá ia eu pelo mundo procurando situações que confirmassem essas interpretações que aprendi a fazer sobre mim. Prisioneira da minha inconsciência, dos meus mecanismos de adaptação provavelmente construídos na infância. Para ser a pessoa especial que eu acreditava ser eu agia de maneira especial, diferente! Espertinha!

Não estou falando mal de mim, sei também que fazer isso é muito danoso. Aprendi a identificar uma voz que há em mim e em tantas pessoas a minha volta que deprecia tudo que faço, que vive dizendo: “você não deveria ter pensado, falado, feito isso.”
Para Marshall Rosemberg, criador da Comunicação não violenta, essa voz, essa maneira aprendida de pensar, é que está na causa da grande maioria das depressões.

O que estou falando é que não acredito mais em historinhas. Nem nas minhas, nem das dos outros.

Quando, por exemplo, visito uma amiga que faz parte de um casal que briga muito em vez de ouvir suas reclamações peço que ela suba, usando a imaginação, lá no céu, e veja dali aquelas duas pessoas vivendo juntas, habitando a casa.
A ideia é que ela enxergue de um lugar tão alto que não dê para ouvir as queixas que um faz do outro, construindo assim um muro de Berlim dentro da casa.

Lá de cima só é perceptível ver a beleza de dois seres humanos que escolheram de livre vontade ficar próximos fisicamente percorrendo uma parte da vida juntos.
As historinhas não são perceptíveis! Elas só acontecem dentro da cabeça!

Não estou dizendo que essa é uma maneira de acabar com problemas. O que quero dizer é que é fácil usar os acontecimentos para alimentar historinhas e não resolver o que há para ser resolvido.

Claro que quando estamos em situações assim, quando somos narradores iludidos pela nossa capacidade de criar ficções, vivemos com intensidade nossos papéis, tomamos o território interior pela verdade e somos capazes de odiar, matar e morrer pelo que acreditamos ser real.

Escolhi não ser mais personagem e quando começo a falar muito dentro de mim me lembro de me calar. O silêncio que chega assim me leva para o céu e dali eu me vejo tramando minha vidinha... procuro não fiar mais historias, e sim apenas viver meu quinhão, meu tempinho na Terra.


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Jany

Escritora e Focalizadora de Dança Circular no UlaBiná.

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