29/01/2025
Há uma semana, o Jornal Tabloide publicou matéria sobre o atraso dos pagamentos provenientes dos editais da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc) de 2024. A matéria registrava jornalisticamente a reação da classe artística de Cotia devido ao atraso de mais de 30 dias.
Em resposta, o vereador Alexandre Frota postou em 21 e 22/01 vídeos desclassificando de forma chula e escatológica o Jornal, além de criticar a classe artística cotiana, afirmando que ela “não existia” e sugerindo ainda que ela não criticava nas gestões anteriores por estar supostamente comprada. Frota repetiu a dose no dia seguinte e apagou as postagens posteriormente.
Paradoxalmente, a Secretaria da Cultura, quase de forma simultânea, também postou vídeo com o secretário Pedro Henrique Maciel Peixoto e o chefe de gabinete, Valtenisio Moraes de Oliveira, o Vavá, com conteúdo diametralmente oposto, demonstrando muita polidez e informando com transparência o que a classe artística gostaria de saber: a data para o pagamento dos atrasados, 31/01/2025. Vale lembrar que Peixoto é autor do livro “Identidade Frota: A estrela e a escuridão” que trata da biografia do vereador.
As postagens de Frota geraram imediato desconforto e revolta entre os representantes da classe artística: Gilmar Jose de Almeida, gestor de cultura e principal responsável pelo inédito “boom” que a cultura de Cotia passou nesses últimos anos, também postou vídeo em repúdio.
O Conselho de Cultura tratou de reunir seus membros, todos incomodados pelo que consideraram um ato injustificável e ofensivo e elaboraram uma Carta de repúdio para se manifestar. Na carta se encontram números expressivos que por si só demolem tais críticas, comprovando a forte presença da Cultura nos últimos tempos:
"Desde 2021 foram mais de 400 artistas locais impulsionados pelos projetos culturais. Cotia se tornou referência no Estado de São Paulo, conquistando mais de R$ 6 milhões em recursos federais e implementando as políticas de fomento cultural com transparência, lisura e ampla participação popular."
"O edital "Benedito Pereira de Castro – Seu Dito da Congada", impulsionou 109 projetos. A chamada pública ainda atendeu 22 espaços culturais. Dentro dele, O edital "Palhaço Palhareco", beneficiou 22 projetos, totalizando assim 153 iniciativas contempladas só no âmbito da Lei Aldir Blanc."
"Os editais “Mãe Alcina” e “Benedito Soares”, lançados com recursos da Lei Paulo Gustavo, destinaram quase R$ 2 milhões a projetos audiovisuais e demais linguagens culturais."
"A Secretaria de Cultura e Lazer de Cotia aplicou praticamente a totalidade dos recursos, com apenas R$ 0,07 devolvidos ao Governo Federal, prova inequívoca de eficiência administrativa e compromisso público."
Você pode ler a carta na Integra clicando AQUI
Conflitos também na Base Governista
Neste ínterim, Frota também bateu o recorde de menor permanência no cargo de líder do governo na Câmara dos Vereadores: 05 dias. Oficializada pelo prefeito Welington Formiga (PDT) em 22 de janeiro, em menos de uma semana ele já estava fora.
Seu afastamento virou destaque também no Jornal Tabloide, que em nota afirma:
“A decisão oficial foi anunciada pelo próprio Frota em suas redes sociais, onde afirmou ter ‘declinado do cargo’. No entanto, fontes sólidas na Câmara e na Prefeitura indicam que a relação entre o vereador e o Executivo se tornou insustentável. O parlamentar, eleito com apoio da base governista, passou a expor críticas constantes à nova administração municipal, incluindo o vice-prefeito Paulinho Lenha e o próprio prefeito Formiga, gerando desconforto entre os aliados.”
Eleição e as Redes Sociais
É sabido que o vereador Frota se especializou em redes sociais, onde reúne mais de um milhão de seguidores. Sua carreira política, no entanto, tem demonstrado um encolhimento: seu início se deu em 2018, quando foi eleito deputado federal com mais de 155,5 mil votos (2019–2023). Depois tentou o cargo de deputado estadual em São Paulo e com 24.189 votos, não conseguiu conquistar uma vaga. Finalmente, concorrendo pelo PDT, Frota foi escolhido em 2024 por 2.893 eleitores para ser vereador em Cotia.
Rede social elege mas não assegura permanência
A utilização das redes sociais para alavancar campanhas políticas tem transformado o cenário eleitoral. No Site da Câmara dos Deputados o artigo “Com quantas redes sociais se faz uma carreira política” trata do assunto: Ele afirma que os comícios devem ser esquecidos e que hoje vale mais a contratação de um bom operador de marketing digital, pois é ali que está o segredo de uma campanha barata e bem-sucedida.
Fogo de palha
Um estudo sobre eleições do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad) mostrou que algumas campanhas de sucesso gastaram metade de outras que não lograram êxito. O diretor Executivo do Ibpad, Max Stabile afirma:
“O que a gente viu é que as redes sociais são suficientes para lançar uma carreira política, mas não suficientes para manter uma carreira política. Vimos em eleições passadas diversos candidatos desconhecidos da política eleitos, com audiências incríveis, mas que não tiveram o mesmo sucesso nas eleições seguintes.” Comenta Stabile, que continua:
“Acho que o maior erro de usar exclusivamente as redes sociais é que muitas vezes a rede reage bem a posições fortes, contundentes, o famoso vamos “lacrar” na rede, vamos detonar o nosso oponente, porque isso viraliza, esse é um incentivo que as próprias redes dão, de acordo com o algoritmo e o funcionamento dela. O problema é que, após eleito, o próprio arranjo político pede que você tenha um posicionamento nem um pouco radical e, às vezes, o candidato precisa apoiar uma ação, uma política pública que ele era contrário. E na rede está tudo gravado e os seus seguidores vão te cobrar pelo seu posicionamento.” Finaliza Stabile.
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