05/03/2024
Já são 131 municípios em situação de epidemia, e 22 já tinham decretado estado de emergência em saúde pública. Os casos seguem crescendo e as autoridades ainda não conseguem prever quando ocorrerá o pico das infecções.
A decisão de decretar a emergência foi tomada depois de o estado atingir 311 casos confirmados da doença para cada grupo de 100 mil habitantes nesta semana.
O número (300 para 100 mil) é considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) o patamar a partir do qual a região afetada tem que decretar a emergência.
O decreto permitirá nova alocação de recursos para o combate à doença e suporte do Ministério da Saúde, que poderá enviar verbas para São Paulo além do que já estava previsto no Orçamento.
Compras de equipamentos e contratações poderão ser feitas para minimizar os impactos da doença.
Ações integradas já feitas
Entre as principais ações, a SES capacitou todos os agentes de saúde e endemias por meio de cursos e treinamentos online para manejo clínico, organização dos serviços e atendimento para arboviroses, no ano passado.
Atividades educativas em escolas, rodovias e pontos de grande circulação como estações de trem e metrô, e campanha no carnaval, também foram promovidas.
Em 6 de fevereiro, o Governo criou o Centro de Operações de Emergências (COE) e a sala de situação, com a participação de oito secretarias, Cosems e Exército. No mesmo mês, antecipou o pagamento de R$ 205 milhões do IGM SUS Paulista aos 645 municípios.
O Governo estadual lançou ainda duas importantes ferramentas: o Painel de Monitoramento da Dengue e o portal para dúvidas.
Este ano, com a automatização dos exames com novos equipamentos, os resultados dos testes estão 70% mais rápidos, no Instituto Adolfo Lutz.
Os municípios receberam, desde o ano passado, suporte de mais de 600 equipamentos portáteis de fumacê para apoio às prefeituras.
Na última semana, a campanha publicitária “A água mais mortal pode estar no seu quintal” entrou no ar em diferentes mídias, TV, rádio, internet etc.
No Brasil
No país, a taxa de incidência já chega a 501 casos por 100 mil habitantes. São mais de um milhão de casos prováveis da doença e 214 mortes confirmadas em 2024.
Sete estados já tinham decretado estado de emergência: Acre, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Amapá, além do Distrito Federal.
Para o sanitarista Claudio Maierovitch, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) de Brasília e vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), a campanha nacional chama a atenção da sociedade, mas a efetividade da medida diante da epidemia já disseminada é reduzida.
"Já temos muitos mosquitos procriando e infectados com o vírus. É difícil atingir aquilo que poderíamos obter com uma ação planejada e iniciada antes", diz Maierovich.
O sanitarista afirma que a vacina contra a dengue só terá resultados no futuro, quando for amplamente distribuída. (Veja mais aqui)
"É preciso que o mapeamento dos locais de maior risco de concentração de mosquitos seja feito continuamente, de modo a concentrar essas ações onde o problema é maior", acrescenta Maierovitch.
Por que os casos de dengue estão aumentando?
“Esse ano tem uma questão que são os quatro sorotipos circulando ao mesmo tempo, com maior circulação do 3 e do 4.
O sorotipo 3, por exemplo, não causava epidemias há 15 anos. O país nunca passou por uma cocirculação dos 04 tipos simultaneamente.
Especialistas atribuem o crescimento às novas versões do vírus e o impacto das mudanças climáticas. Além disso, destacam o arrefecimento de medidas de combate ao mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti.
Mudanças Climáticas
De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, estados que não sofriam tanto com a doença no passado graças às temperaturas mais amenas, hoje estão entre os 10 com maior incidência de dengue.
O planeta está mais quente, o que aumenta a reprodução e a atividade biológica do mosquito. Assim temos mais mosquitos, em mais locais e picando mais. Além disso, muitas medidas de controle foram arrefecidas. Alguns municípios abandonaram o controle.
Felizmente, a dengue é uma doença cíclica, ou seja, costuma provocar epidemias de períodos em períodos.
Em Cotia
Os números de casos confirmados de dengue em Cotia mostram que o município segue a tendência com um aumento alarmante.
A Secretaria de Saúde, por meio da Vigilância Ambiental, está com suas equipes de controle de vetores nas ruas diariamente para localizar e eliminar focos do mosquito Aedes aegypti.
De acordo com Páscoa Bichiato, coordenadora da Vigilância Ambiental, “O nosso maior problema no bairro é com as caixas d’água. Mais da metade dos problemas encontrados no bairro dizem respeito a caixas mal fechadas e até sem tampa”, disse Páscoa.
“Infelizmente, muita gente não recebe o agente, não quer ouvir as orientações, mas também não toma os cuidados necessários para o mosquito não procriar”, disse.
Ela afirmou que, na região da Granja Viana, o índice de recusa chega aos 60%.
“Peço para que recebam os agentes, eles estão ali para ajudar. O controle dentro de casa, dentro do quintal é responsabilidade do dono, mas eles [agentes] estão ali para ajudar. O poder público está fazendo a sua parte, precisamos que as pessoas se conscientizem e façam a sua”, alertou.