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O impacto da violência na saúde mental das mulheres

10/03/2022


“*Maria escolheu esse nome porque achou bonito. Lembrou da Virgem Maria. Não sabe seu verdadeiro nome. Só sabe que veio de Crato, lá no Ceará. Aos 2 anos foi entregue a um motorista. Foi violentada por toda a vida. Teve alguns filhos mas não sabe onde eles estão. Maria não tem identidade mas quer ter uma, nem que seja já hora de sua morte. Sua vida não foi de escolhas. Não sabe ler nem escrever. Usuária de craque, se prostituiu por muitos anos. Mas hoje é da Igreja Universal.

Às vezes dá uma “fumadinha” porque é muito bom. Faz ela esquecer que é esquecida.

A Maria é um alguém tão esquecido que nem ela sabe quem ela é. Maria só quer ter o seu RG. E colocar seu dedo lá para ser chamada de Maria.”

- - - - 

“A.D. Ex-funcionária de uma OS. Usuária de múltiplas drogas e dependente em jogos. Amava usar drogas e jogar. Passava diversos dias na maquininha sob os efeitos das drogas, no  centro de São Paulo. 

Quando o dinheiro acabava, saía e fazia um programa. Não existia prazer maior do que ganhar o bingo naquelas maquininhas. Até o dia em que foi estuprada e espancada. Passou diversos dias na UTI de um hospital. A mãe a encontrou e a trouxe de volta para Cotia. Após alguns meses descobriu que estava grávida, resultado do estupro. Fez o aborto legal.

Ninguém valorizou a sua dor, afinal ela é uma prostituta e usuária de drogas.”

- - - 

“P.S.  Conheceu a rua.

Pra viver na rua precisava de alguém poderoso para defendê-la. No início era tratada bem, só que depois de alguns dias o ciúme dele estragou tudo.

"Ele é muito carente. Precisa da sua atenção toda hora. Mas às vezes ela quer usar craque e aí o deixa sozinho. Ele não gosta de ver P.S. usando craque. Até tentou ficar longe, voltou para Itapevi. Mas ele tentou se matar. Voltou correndo para Cotia. Já estou acostumada a apanhar. É o jeito dele dizer que me ama. Ninguém cuida de mim igual a ele. Quando ele não bebe ele é um anjo.”

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Os depoimentos acima foram apresentados por Rejane Prestes, Assistente Social do Centro de Atenção Pisco Social Álcool e Drogas – CAPS-AD, de Cotia durante abertura da programação do mês da Mulher, organizado pela Secretaria de Direitos Humanos, Cidadania e Mulher, da Prefeitura de Cotia, que ocorreu no último dia 8. 

A profissional apresentou um breve panorama do atendimento no CAPS, com destaque para o impacto da violência na saúde mental das mulheres. A leitura impactou os ouvidos das demais mulheres presentes. E silenciou o recinto.  

“Toda mulher atendida traz consigo uma história”, relatou Rejane, lembrando de sua própria história com a profissão que lhe chamou atenção quando ainda criança, ao descobrir por seu pai que o papel do Assistente Social era o de ajudar as pessoas. E é exatamente isso que ela faz, ajudar mulheres e homens a resgatar sua dignidade e - por que não dizer? - salvando suas vidas. 

Segundo ela, atualmente 309 pessoas são atendidas pelo serviço do CAPS, destes 59 são mulheres com histórias parecidas com as da Maria, da AD e da PS. Segundo Rejane, muitas são ainda adolescentes que usam maconha, “uns vão dizer ‘ é só um maconhinha´, mas o que está atrás dessa maconha? O que vai ser dessa adolescente no futuro?”

Além de dependentes de álcool e drogas, muitas chegam com outras demandas. E todas são atendidas por uma equipe multidisciplinar com psicólogos, terapeutas, psiquiatras entre outros profissionais. 

Cada caso é um caso, cada paciente tem uma evolução ou não, cada paciente reage de uma forma ao tratamento que pode durar 3 meses, 6, 10 meses, um ano ou a vida toda... “Nosso papel, é cuidar, é empoderar essas mulheres. É um trabalho árduo.”

[*Os nomes usados nos depoimentos são fictícios]

(Sonia Marques)


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