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Reserva do Morro Grande, uma parábola de abandono e muitos porquês

15/07/2022



Grupo do Transition Granja Viana faz o reconhecimento de área aberta para visitação na Reserva do Morro Grande e fica surpreso com a destruição e a sujeira no local.


Conta-se a história de uma experiência social feita com um carro que foi  abandonado numa rua qualquer para se observar o que ocorreria com ele. A princípio, os vizinhos foram observando a poeira acumulada e o carro que sempre permanecia no mesmo lugar. O chamado feito às autoridades de nada adiantou e o carro lá permaneceu abandonado. Um dia, uma criança levada jogou uma pedra que quebrou um dos vidros... logo, outros vidros foram quebrados. Um outro dia alguém resolveu pichar a carroceria... alguém também resolveu levar um dos faróis ... e o outro... e como nada acontecia... o carro foi sendo desmontado, privado de sua função, tornando-se um nada... um objeto inútil... um lixo.

Assim foi comprovada a tese de que o abandono de algum ser, de alguma coisa ou de algum lugar gera uma informação de inutilidade, de descaso, de desvalorização que, por sua vez, provoca uma reação de destruição e de reforço da energia negativa emanada pelo objeto abandonado.

Esse foi o nosso sentir ao adentrarmos a Reserva Florestal do Morro Grande – com hora marcada e devidamente acompanhadas de um guia credenciado – para um “banho de floresta” que todas estávamos querendo.

Éramos sete. Todas mulheres integrantes do movimento Transition da Granja Viana. E fomos, na medida em que subíamos e descíamos as estradinhas e trilhas, nos maravilhando com a exuberância da natureza. Ao mesmo tempo, e em contraposição, fomos nos surpreendendo com as péssimas condições de conservação e com o abandono das antigas construções lá existentes, além da total falta de cuidados com a enorme quantidade de lixo em todos os cantos e barrancos.

Só nos ocorriam perguntas precedidas da locução: por que?

Por que este local tão lindo e especial, onde funciona uma exemplar UPA – muito limpa, acolhedora e organizada – está abandonado, justamente sendo a porta de entrada de uma Reserva legalmente constituída em 1979, e local de captação da água de melhor qualidade do Estado?

Por que as casas da Vila DAE que serviam aos funcionários do antigo Departamento de Águas e Esgotos estão largadas, desprezadas, deterioradas, entregues a uma ocupação irregular, sem a atenção e o investimento devidos a um patrimônio que é, na verdade, do Estado? É nosso!

Por que não há placas de sinalização, já que o local é amplamente procurado pela população, seja para caminhar ou para fazer oferendas a seus deuses e entidades?

Por que não encontramos sequer uma lata de lixo onde jogar a embalagem do nosso lanche – que, naturalmente, trouxemos de volta em nossas mochilas? 

Por que encontramos alguns portões fechados sem nenhuma identificação, impedindo que conhecêssemos algum local interessante?

Por que passamos por um campo de futebol com arquibancada e tudo, jogado no esquecimento, sem uso, deixando de cumprir sua função tão importante?

Por que todo esse patrimônio material, representado pelas casas que estão em ruínas, não é preservado com o lucro da Sabesp no mercado de capitais?

Por que a tristeza envolvente? Nem uma pessoa à vista... apenas sinais de que alguém está ocupando algumas casas: carro ao lado, portão com cadeado, cães, janela com panos, mas nada de gente... apenas o ar de medo. Sentia-se o medo no ar ao redor...

Por que o caminho para a bela Cachoeira da Graça está aberto e tão mal cuidado? Pessoas descem e sobem por ele todos os finais de semana e em boa quantidade! Nenhuma placa instruindo, dando direções, incentivando ao fruir com consciência! Nenhuma lata de lixo sequer ou instruções para trazer seu lixo de volta!

Por que esse caminho íngreme não recebe cuidados de acesso, corrimãos, degraus decentes?

Por que esse descaso e de quem?

A SABESP, segundo seu site oficial, tem, entre suas propriedades, a região que se chama ALTO COTIA, e como sucessora do antigo DAE tem a missão de cuidar dessa área. Mas não parece empenhada como o DAE em acomodar seus funcionários dignamente, investir na conservação de suas propriedades e da captação tão importante da água que vai abastecer grande parte da região metropolitana e da Capital de São Paulo. Por que?

Considerada a maior companhia de saneamento do país, a SABESP, criada em 1973, é uma companhia de capital misto cujo maior acionista é o Governo do Estado de São Paulo com 50,3% das ações, sendo que as demais circulam  em free-float  no mercado de capitais, das quais 35,1% delas estão disponíveis na B3 – Bolsa de Valores do Brasil e 14,6% na NYSE – Bolsa de Valores de Nova Iorque. 

Vale aqui colocar a informação de que, por meio do Programa Cinturão Verde dos Mananciais Metropolitanos, a SABESP atua principalmente em quatro sistemas de abastecimento: Cantareira, Rio Claro, Fazenda Capivari e Alto Cotia, todos localizados em áreas pertencentes à empresa e inseridos no bioma da Mata Atlântica.

Por que esse descaso então, que contrasta de forma radical com as informações publicadas em seu site que passa uma informação de plenos e constantes cuidados com as suas propriedades como nos dizeres da abertura do site:

"Veja as ações que a SABESP empreende em suas áreas patrimoniais para preservar os recursos hídricos e a biodiversidade".

Não foi o que constatamos. Por que?

Sabemos que existem pactos entre as Prefeituras e a SABESP que estabelecem compromissos, seguem planejamentos, contratos e diretrizes  anteriores, cujo elemento central é o Plano Municipal de Saneamento Básico nos termos do artigo 11 da Lei Nacional de Saneamento Básico 11.445/2007. Ou seja, as leis existem, as obrigações estão definidas, os pactos entre os poderes estão definidos por instrumentos que, em seu conjunto, são elementos essenciais de todo e qualquer contrato cujo objeto seja a prestação de serviço público de saneamento básico.

Não! Esse “saneamento”, que apesar de impecável na divulgação do site  www.sabesp.com, mostra-se, na realidade, muito diferente e precário quando por lá se caminha!

Urge que outras medidas sejam tomadas. 

Que se reavalie esse modelo perverso que incentiva a produção de lixo em um santuário da natureza e produtor de água – que é vida – e que seja adequado e efetivo para uma área como a Reserva Florestal do Morro Grande, hoje rodeada de áreas precariamente urbanizadas, carentes de quase tudo e exuberantes na sua importância dentro da reconhecida área do Cinturão Verde da Reserva da Biosfera do Estado de São Paulo.  

São muitas as perguntas que vão para muito além dos por quês. Passam pelas locuções quem, para quê, como, onde e de que forma... além de outras.

Cabe a nós, legítimos cidadãos proprietários da Reserva Florestal do Morro Grande, irmos atrás das respostas e não permitirmos que a Reserva  transforme-se naquele carro que, ao ser abandonado, foi perdendo suas partes até não mais ter a capacidade de exercer a sua função primordial.

Site SABESP: sabesp.com.br/muitoalemdaagua


Por Heloisa Reis 
Artista visual, ceramista, arte-educadora e ativista do meio ambiente. Participante do grupo Transition Granja Viana. Atua em grupos que buscam unir suas forças pelas transformações sócio-culturais necessárias para se chegar a uma convivência cidadã harmônica e atuante.

encontrosheloisareis.blogspot.com


Fotos: Grupo Transition Granja Viana


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