TELEFONE E WHATSAPP 9 8266 8541 | Quem Somos | Anuncie Já | Fale Conosco              
sitedagranja
| Newsletter

ASSINE NOSSA
NEWSLETTER

Receba nosso informativo semanal


Aceito os termos do site.


| Anuncie | Notificações

Cotidiano & Psicologia

A sociedade da testosterona deveria se curvar à ocitocina

01/10/2021



Numa sociedade movida à testosterona e adrenalina, homens e também mulheres se veem incansavelmente envolvidos num modo de vida agressivo e competitivo. Busca de desempenho é a tônica do dia a dia nas mais diversas áreas da vida, e as resoluções dos problemas são encontradas quase exclusivamente na base da força e da exaustão. Nesse contexto, é inadmissível uma performance menos que excelente seja no que for, do trabalho ao sexo, dia e noite, noite e dia.

Mulheres também são demandadas a ter “culhões” e a mover-se neste meio onde potência é confundida com dureza, arrogância, esperteza, sobrecarga de trabalho, produtividade etc. Para garantirem um mínimo lugar ao sol, sempre em condições inferiores a dos homens, e para se defenderem desse ambiente bruto, muitas vezes elas/nós também entramos no jogo sem perceber. E assim, podemos acabar nos tornando fêmeas caçadoras, amazonas que arrancam o seio, workaholics ou, então, ficarmos eternamente queimando sutiãs na praça.

Mas não nos enganemos: a sociedade da testosterona prometeu muito, especialmente aos homens, mas é capaz de usar e manipular sem dó quem a ela se entregue, para depois fazer o descarte com a mesma facilidade com que se descarta uma bituca de cigarro, esmagando-a sob a sola dos sapatos. O que num momento pareceu uma parceria vantajosa, lucros fenomenais a serem divididos, conquista de status e poder, vai-se mostrando um modo de vida subjugador e escravista. 

Tarde demais perceber isso quando tudo o que se fez ou se conseguiu acumular apenas produziu uma vida sem sentido, vazia, sentimentalmente estéril, cansada e desprovida do que é verdadeiramente humano. Tarde demais também quando a saúde, física e/ou mental, se vai. Ou quando não se consegue mais permanecer excitado com nada, e nem antidepressivos, viagras, anabolizantes e “quetais” conseguem trazer de volta um mínimo de vitalidade e prazer, e na cabeça martela constantemente a pergunta "por onde deixei escoar o que eu tinha de mais precioso?".

Pois se ainda houver algum tempo, talvez seja bom realocar projetos e estimular outras estratégias, alterando o estilo de vida atual adoecido, um dia adotado às cegas. 

Pois a sociedade da testosterona deveria se curvar à ocitocina, para o bem de todas e todos nós. Em geral associada apenas às mulheres por ser responsável por funções durante o parto e na amamentação, a ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”, é também produzida no corpo dos homens e fundamental para todo ser humano. Suas funções de prazer, relaxamento, bem-estar e positividade capacitam ainda atitudes como inclusão, aptidão de se relacionar e de cuidar, empatia, amabilidade, generosidade, cooperação, interioridade, tranquilidade, concentração etc., sendo estas qualidades essenciais à vida, grandes ferramentas que nos dotam de uma inteligência especial na resolução de problemas e fator fundamental para a saúde em geral. Como garantir que ela seja produzida? Isso acontece especialmente quando não há excesso de testosterona, e ao se ter contato com pessoas significativas, num olhar, abraço ou beijo, por exemplo, ao se realizar algo com prazer, no descanso e relaxamento, em ações que são benéficas para nós mesmas(os) e/ou para os outros, ao sentirmos segurança e conforto e, em quantidades ainda mais significativas, na hora do orgasmo. 

Voltando aos homens, grandes protagonistas do modo testosterona de viver, se o que foi dito até aqui não convenceu você, sente-se, porque aí vai uma informação importante: até mesmo a tão valorizada performance sexual masculina não se baseia apenas em força e numa suposta e indefinida virilidade. Voilà, aqui também a ocitocina está presente e tem papel fundamental. Sabe como? Primeiro, mais indiretamente, ao reduzir o estresse e ansiedade, aumentar sensações de prazer e estimular os estados de intimidade, afeto, confiança e expressão das emoções. E, segundo, atuando em conjunto com outros hormônios na produção mesmo de desejo, ereção, excitação e ejaculação. Animador!?

Se você espera do seu pênis tão somente uma resposta física e autônoma que alivie sua angústia e medo de não conseguir uma ereção e reforce sua masculinidade, pode ir às prateleiras da farmácia. A sexualidade, assim como a vida, ficarão livres de envolvimento afetivo, vínculo e erotismo no mais bonito sentido do termo. Até sua intimidade estará esterilizada do que é humano. Mas se houver aí uma dose de coragem, é aconselhável baixar a guarda e buscar essa pouco conhecida potência “ocitocínica”.

Se quisermos sobreviver individual e coletivamente e, mais, se quisermos viver melhor, com certeza precisamos nos equilibrar. Mais ocitocina e menos testosterona é o que se faz necessário no momento atual. Certamente nossas vidas e o mundo se tornarão menos bélicos, áridos, antiéticos, seguros e positivos, recuperando vias de um cuidado mais inteligente e menos predador. 

Que tal abraçar esse impulso!?



Veja mais

Pertencer, a quem será que se destina?
Quem sou – de uma questão existencial à busca frenética por diagnósticos
Birra infantil: Entenda o que a criança quer comunicar
Diferença entre Tristeza e Depressão Infanto-juvenil por Lucia Amaral
Domingo, dia das mães – há o que se comemorar? Por Iana Ferreira
Guerras, tapas, incertezas... é possível manter saúde mental num mundo assim?
Burnout - o esgotamento no trabalho que vai muito além do estresse
Em tempo, feliz ano! Novo?
Os caminhos que tomam sentimentos guardados
Finitudes. Não costumamos lidar bem com as finitudes que acontecem ao longo da vida, não é?
Não fazer nada, você consegue?
O que a pandemia revelou sobre as nossas amizades
Nós caímos de amor (falling in love) ou determinamos se e por quem isso acontecerá
Dia das mães ou dia da Mãe?
Ansiedade
Ansiedade: o que saber
Um presente de Natal
Ansiedade hoje
O Dilema das Redes
Setembro amarelo

 


Iana Ferreira

Apaixonada pelos mistérios da psique e do autoconhecimento, com formação em musicoterapia pela Faculdade Paulista de Artes e em psicologia pela Universidade de São Paulo, USP.
"A palavra, escrita ou falada, também é para mim um grande instrumento e paixão – por tudo que revela e que invariavelmente consegue ocultar."

Site: entretexto.com

Pesquisar




X

































© SITE DA GRANJA. TELEFONE E WHATSAPP 9 8266 8541 INFO@GRANJAVIANA.COM.BR