01/11/2022
A Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) e a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED) colocam em alerta a população relatando que os setores de saúde já sentem os impactos das dificuldades logísticas em decorrência as paralisações das estradas em todo o Brasil. Pacientes em diálise já estão sofrendo as consequências . Em algumas clínicas, estoques de insumos e medicamentos para realizar o tratamento de doentes renais começa a ficar em estágio crítico, pois existe o impedimento da circulação dos caminhões com os materiais. Pacientes também relatam dificuldade em chegar às clínicas em algumas cidades. Pacientes com complicações severas renais precisam do tratamento pelo menos três vezes na semana.
A ABRAMED soltou um comunicado nesta terça-feira 1, relatando que os laboratórios de medicina diagnóstica de todas as regiões brasileiras sofrem com o abastecimento de insumos, como reagentes e contrastes, e até de amostras coletadas de pacientes para processamento de exames.
“Traz risco relevante aos cuidados fundamentais de pacientes portadores de doenças que necessitam de intervenção imediata e contínua”
diz a ABRAMED, enfatizando o caráter emergencial de se resolver a situação.
A paralisação de grupos de caminhoneiros e manifestantes que não aceitam o resultado das eleições e bloqueiam estradas em todo país, começou a afetar clínicas de diálise e pacientes renais. Diversos caminhões que transportam insumos e medicamentos estão sendo impedidos de circular devido às interdições nas rodovias federais. Este já é o segundo dia da paralisação e, com o atraso nas entregas dos insumos necessários, os pacientes renais crônicos podem ficar sem o tratamento que lhes garante a vida. A Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) faz esse alerta e apela para o movimento. A entidade está levantando informações sobre as clínicas que estão sendo afetadas, mas já há relatos até de pacientes que não conseguiram chegar nas clínicas localizadas em cidades mais distantes de onde moram. No Brasil, cerca de 150 mil pessoas realizam diálise ao menos três vezes por semana para sobreviver.
"Para ter uma melhor dimensão do problema, são diversos materiais e medicamentos que são imprescindíveis para a realização de uma sessão de diálise. A falta de um desses itens, por menor que pareça, impede a realização do procedimento e o paciente renal é quem sofre, pois ele precisa de diálise para viver. É preciso que as autoridades deem uma atenção especial para esta situação o quanto antes. Por isso, a ABCDT faz um apelo à organização do movimento para que considerem a fragilidade do setor e para que o tratem de maneira especial, permitindo que os caminhões que transportam insumos e medicamentos passem pelas barreiras e cheguem às clínicas o quanto antes. Nossa questão não é política, tratamos de vidas", alerta Leonardo Barberes, vice-presidente da ABCDT.
A proporção dos protestos não se alastrou como na greve de 2018, mas causa preocupação em partes do país por fazerem com que algumas rodovias sejam completamente bloqueadas, provocando engarrafamento de mais de 12 horas.
Conforme matéria no G1, as paralisações não são consenso na categoria. Wanderlei Dedeco, caminhoneiro de Curitiba, Paraná, que atua como "conselheiro" das lideranças dos caminhoneiros, segundo sua própria descrição, se diz contra as paralisações e afirma que até o começo do dia, não acreditava que os protestos durariam por muito tempo, mas já passou a ver o cenário com "outros olhos". Ele, que foi uma das lideranças da paralização de 2018, pondera: "As manifestações estão crescendo rapidamente, e não têm uma intervenção imediata da PRF, como houve em outras ocasiões. Além disso, a demora de Bolsonaro para se pronunciar, pode contribuir para que os protestos se alastrem."
O aguardado pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro aconteceu às 17h do dia 01/11, teve duração de dois minutos e tocou sutilmente no assunto:
"As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população: como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento ao direito de ir e vir"
veja.abril.com/alertadeentidademedicas
g1.com/paralisaçõesdividemcaminhoneiros