22/07/2025
Mauricio Orth
Raquel França Carneiro integra o conselho diretor da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). Mestre em Planejamento e Operação de Sistemas de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), Carneiro foi indicada pelo Governador Tarcísio de Freitas para o cargo, sendo aprovada pela Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Aliás, Carneiro estava antes como Diretora econômico-financeira da Companhia Paulista de Parcerias, empresa estatal vinculada à própria Secretaria de Projetos e Investimentos, que é responsável pela estruturação da concessão dos lotes Nova Raposo e Rota Sorocabana, dentre outros. Aqui você lê alguns trechos deste assunto que impactará Cotia de forma intensa. O Site da Granja esteve presente na palestra e separou esses momentos:
Raposo Tavares
Carneiro explicou que a existência dos pedágios na Castelo Branco, já operantes, possibilitou o adiamento da cobrança ao usuário da Raposo Tavares. Outro ponto destacado é a destinação da outorga (o valor pago pela concessionária para arrematar o lote). Pela primeira vez, o valor — R$ 2 bilhões — foi mantido dentro do próprio projeto, sem repasse ao Tesouro do Estado.
Ela também comentou que o projeto executivo das obras na Raposo Tavares deve ser concluído até novembro de 2026. No trecho Cotia/Embu, os prazos ainda estão em negociação com a concessionária Ecovias. Já a execução das obras tem início previsto para o terceiro ano do contrato, começando pela capital paulista e terminando em Cotia, no ano 07. A cobrança de tarifas na via expressa só será feita após o término de todas as intervenções.
Marginais
Sobre as marginais, Carneiro informou que a obra será executada pelo Estado, que posteriormente transferirá sua gestão ao município. Com isso, as vias passarão a ter caráter municipal.
Pressa
“Para eles (concessionárias), há o interesse de começar a obra o mais rápido possível. Como eu coloquei no contrato que eles só podem fazer qualquer cobrança quando todas as obras estiverem concluídas, eles querem concluir rápido.” Comentou.
Nova Raposo e o transporte coletivo
Nesse ponto Carneiro foi enfática:
“Esse projeto está muito mais voltado para a segurança viária do trecho do que para uma ampliação de capacidade pensando em tráfego futuro. O que a gente não quer são paradas de ônibus dentro da Raposo. Isso deve ser feito no perímetro urbano.”
Nova Raposo e Cotia
A diretora da Artesp continuou dizendo que o projeto, por si só, não resolverá todos os problemas de mobilidade de Cotia, já que não foi concebido com esse objetivo. Para garantir maior durabilidade e eficiência à proposta, ela destaca a necessidade da futura Linha 22 do metrô, considerada essencial para complementar as soluções planejadas.
Mais sobre transporte coletivo
Durante o processo de estruturação do projeto, foram consideradas diferentes propostas de transporte coletivo, como VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e BRT (Bus Rapid Transit). Carneiro comentou que a nova configuração da Rodovia Raposo Tavares prevê uma faixa adicional, além da implantação das marginais, que ficarão sob responsabilidade das prefeituras. Segundo ela, os municípios manifestaram interesse em utilizar essas marginais como faixas exclusivas para ônibus, possibilitando a operação de veículos articulados ou até mesmo de um sistema BRT.
Metrô quando?
Ainda durante a elaboração do projeto, ela comenta que houve diálogo com o Metrô. A companhia deve aproveitar áreas previstas para desapropriação a fim de instalar estruturas complementares, como pontos de ventilação para futuras linhas. “Esse é o problema maior, porque os projetos por metrô levam um prazo maior. Então, isso eu não consigo te acertar qual é o cronograma do metrô, precisaria perguntar para os diretores do Metrô.” completou.
Pedágios
“Nas Audiências públicas a gente escuta: ‘Nossa, São Paulo agora vai ter 100 pórticos!’ “ Carneiro explicou ainda que a quantidade de pórticos de cobrança é para garantir uma tarifa justa aos usuários. Segundo ela, é possível instalar quantos pórticos forem necessários para equilibrar a cobrança.
A tarifa hoje estabelecida é em torno de R$ 0,16 por quilômetro em pista simples e R$ 0,21 por quilômetro em pista dupla. Por exemplo, em uma praça de pedágio que cobre 100 quilômetros de pista dupla, a tarifa fica em torno de R$ 20. No entanto, em trechos com cidades próximas — como duas localizadas a 20 quilômetros uma da outra — a praça de pedágio posicionada no meio cobra o valor integral, o que é desvantajoso para usuários que percorrem distâncias menores.
Com a utilização de múltiplos pórticos, a cobrança pode ser fracionada. Em vez de uma tarifa única de R$ 20, poderiam ser instalados quatro pórticos com tarifas de aproximadamente R$ 5 cada, tornando a cobrança mais justa para os usuários, explicou.
O pedágio da Raposo na Rota Sorocabana (km 39/37)
Durante a audiência pública, A representante da Artesp alegou que nunca havia sido levantado o problema de moradores de Caucaia e região terem que pagar pedágio para acessar o centro de Cotia. Ela explica que é possível evitar essa cobrança para quem mora nos bairros, por meio da instalação de pórticos na entrada/saída do bairro. Com o uso de tecnologia, caso um veículo passe por um pórtico e depois por outro já em Cotia, o sistema pode realizar o cancelamento da tarifa, garantindo que o morador não pague pedágio para deslocamentos dentro da cidade. Disse ainda que Isso pode ser avaliado tecnicamente caso seja feito um ofício à Artesp.
Trecho Cotia/Embu
Durante as discussões sobre o projeto, em reunião com a CETESB, Carneiro comentou que foi informada que a obtenção da licença ambiental para esse trecho é viável, desde que seja realizado um estudo detalhado de impacto ambiental. Dessa forma, o trecho Cotia/Embu ainda não tem trajeto definido. Embora a concessionária possa escolher o trajeto, é imprescindível que o estudo de impacto ambiental seja aprovado pela CETESB antes da execução da obra. Essa intervenção está prevista para os anos 6 e 7 do cronograma, garantindo tempo suficiente para a realização e análise dos estudos ambientais.
Como enviar sugestões
O projeto como um todo permite alterações, o que abre espaço para a apresentação de alternativas por parte da sociedade civil. Segundo Carneiro, apenas a manifestação contrária não é suficiente. Caso uma alternativa concreta seja apresentada à concessionária Ecovias, mesmo que não tenha sido prevista inicialmente, há mecanismos para sua viabilização.
Para formalizar essas sugestões, a população pode enviar propostas por e-mail para a Artesp, no endereço protocolo@artesp.sp.gov.br. Toda solicitação registrada gera um número de protocolo, permitindo o acompanhamento do andamento interno.
Carneiro reforça que todas as sugestões serão analisadas e que muitas das questões já foram consideradas durante o processo de planejamento, mas o canal permanece aberto à participação pública.