26/06/2025
Maurício Orth
Site da Granja (SG) - A primeira pergunta é: Como você chegou aqui, como conheceu o prefeito Formiga? E como foi chegar aqui já podendo conversar com a gente?
Michel da Silva Alves (MA) - Bom, em primeiro lugar minha gratidão, meu respeito pelo carinho de vocês que estão aqui. Sou advogado, professor universitário, palestrante e cheguei em Cotia em 2011. Sou da capital. Quando cheguei, comecei a me concentrar em diversas ações em defesa do funcionalismo público e encampar algumas bandeiras da cidade, como tornar a Praça dos Romeiros, em Caucaia do Alto, patrimônio cultural da cidade.
Foi assim no acaso que o Formiga me encontrou nesses caminhos. Aí ele me chamou, em novembro do ano passado, logo após ter sido eleito. Hoje temos uma relação saudável, de amizade, mas é um vínculo técnico. Pelo que eu percebo, ele nutre pela gente uma questão de respeito, carinho e admiração pelo trabalho. Não preciso do cargo, tenho meus negócios, inclusive fora de São Paulo. Hoje eu emprego em Cotia 22 pessoas; meus filhos, minha esposa estão aqui, então procurei por bem me colocar à disposição.
Empregos
Já mexemos com o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), sistema que registra as admissões e demissões de trabalhadores contratados sob o regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Já fizemos dois feirões de emprego, somando ao todo 1.200 atendimentos e resultando em mais de 500 contratações de pessoas. Ainda é pouco, mas conseguimos contratar pessoas com mais de 50 anos, seis PcDs, sendo três autistas. Então, de alguma forma, a gente fez um trabalho que entregou para Cotia algum resultado já nesse primeiro semestre. (N.E.: Esta entrevista foi feita em 05 de junho, e na quinta 26/6, houve mais um Feirão, com foco nos PcDs e idosos).
SG – O Site da Granja recebe muitos pedidos de trabalhadores procurando mão de obra especializada. Para quem quer empregar, o que a Secretaria pode fazer?
MA – É só deixar recado no WhatsApp 11 98174-5807 falando o que procura. A Vanessa Maciel encaminhará o seu pedido.
O que faz a Secretaria?
SG – A Secretaria é Trabalho e Renda. Eles se misturam, eles não têm nada a ver um com o outro, como é que trabalho e renda se relacionam?
MA - Olha, trabalho e renda é uma Secretaria que tem a finalidade de apoiar quem empreende, quem emprega, e quem está buscando emprego e capacitação. É uma secretaria que faz um trabalho não padronizado. Ela está conectada com aquilo que está acontecendo. Por exemplo, a gente tem uma questão do Instituto Federal, precisamos pensar como o aluno irá lá para a Granja Viana, a gente está numa pauta bem complexa com relação à questão do tarifário do transporte coletivo. A situação de diferença tarifária sacrifica muito quem mora em Caucaia do Alto, Jardim Japão. Estamos resolvendo. Na verdade, a nossa secretaria tem uma atuação transversal, por excelência, a gente conversa com todo o mundo.
Cadê o Plano Diretor?
SG – Conversei com o secretário Guido Fecchio (Indústria, Comércio e Empreendedorismo) a questão dos alvarás, das licenças. Também é uma outra coisa, essa instabilidade do Plano Diretor, da política do plano.
MA - É horrível isso, está matando uma cidade. É um problema que, se a gente deixar, engessa a cidade, fruto da inconsequência. Cotia, às vezes, nem sabe que está sendo penalizada, porque tem empresa que deixa de investir, porque não consegue alvará de funcionamento. São situações em que a gente fica refém.
Porto Seco em Cotia
MA - Mas Cotia tem vários atrativos e o nosso desafio aqui não é criar, é manter, porque a gente está perto do Rodoanel, a gente tem uma linha de ferro aqui. A gente está com essa ideia de um Porto Seco em Cotia (a Linha Mairinque-Santos, da Estrada de Ferro Sorocabana, passa por Caucaia do Alto. sendo utilizada para o transporte de cargas).
SG – Um porto de carga ferroviária?
MA - Hoje o Porto de Santos é uma região cara, e é um porto que não suporta um container parado lá dentro, não existe isso, tem que subir, tem que ir para algum canto. Das cidades da região, Cotia é a única que tem essa condição.
Nova Raposo e a malha rodoviária
SG – E a malha rodoviária? Com esse projeto do Nova Raposo, como você vê esse impasse de ter que crescer, mas ao mesmo tempo, ter que se preservar, ter que se manter alguma coisa?
MA – O impacto das obras para mim é irreversível. O contrato assinado será concluído. O que falta no projeto (Lote Nova Raposo) são corredores de ônibus nas vias marginais que serão construídas. A gente está pensando só no modal de carro, e esquecendo do modal de ônibus. Então deveria haver uma terceira faixa além das duas já previstas na futura via marginal da Raposo. É um corredor, porque hoje a Raposo Tavares tem essa estratégia de avenida.
Entreposto Hortifruti
SG – Eu vi você também, em Caucaia, bastante animado com a história do entreposto.
MA - Sim, nós vamos ter um entreposto, essa discussão já está avançando. A gente precisa de R$ 20 milhões para poder erguer esse entreposto em Caucaia.
SG –A área é na Rodovia Bunjiro Nakao, no Km 49? Ela não está na APA (Área de Preservação Ambiental) de Itupararanga?
MA - Está na APA de Itupararanga, mas não tem nenhum tipo de problema que gere impacto ambiental, foi usada para agricultura, diversas atividades, tem uma área que vai ser preservada no projeto. É um entreposto para que as pessoas possam trabalhar a questão da agricultura familiar. Porque hoje Cotia está dentro de um eixo, quando você pensa em Osasco, pensa em Barueri, junta Cotia, Taboão, você tem uma economia maior que a da Argentina.
Indústria em Crise
SG - E já deu para ter uma ideia, um mapeamento de onde tem mais carência de vagas, onde tem mais gente se concentrando que precisa trabalhar e não está encontrando alguma oportunidade?
MA- Indústria. A indústria está sofrendo muito. Nós estamos tentando um movimento com o Senai. A gente precisa conectar a moçada nesses espaços. estamos tentando conectar e trazer o Senai para perto.
SG - Novamente a questão da mobilidade.
MA – Exatamente. Nós esbarramos nisso. Cotia tem pessoas maravilhosas, com excelente formação, indo para Barueri, Osasco... Esse é trabalho do segundo semestre. Para você antecipar aqui uma boa, vamos trabalhar junto com a Indústria do Comércio, vamos buscar empresas. A gente precisa chegar nas câmaras de comércio Brasil-China, Brasil-Arábia, Brasil-Estados Unidos.
ESG como atração de investimentos
SG - Onde tiver oportunidade ...
MA – Isso! Eis-me aqui. Cotia pode muito. A primeira coisa que vamos fazer aqui no município é turbinar a pauta do ESG. Pauta da sustentabilidade. Ele pode gerar renda. A gente consegue recursos do Fundo do Clima. A gente consegue fugir dessa coisa das emendas dos deputados, a gente consegue abrir a nossa base e tendo uma cidade hoje conectada com o meio ambiente... atraindo recursos de qualidade.
SG – Cotia também tem uma riqueza incrível ESG: A Água.
MA - Isso, uma cidade que tem muita água. A gente precisa preservar a nossa água. Hoje, o agricultor de Caucaia do Alto, sabe qual é o maior pesadelo que eles têm? Água. Uma cidade tão rica em água, está faltando água. Por conta do assoreamento dos rios, por conta da questão ambiental, da gestão...
SG - A falta de gestão, na verdade.
MA - Quando você permite uma ocupação irregular em uma chácara, o pessoal faz, por exemplo, uma fossa negra e polui o lençol freático. Lá embaixo tem uma cara que planta beterraba, que perde aquela água.
SG - Uma pergunta que a gente sempre faz é a da canetada. Se você tivesse um poder supremo em uma canetada, uma só, com um poder para poder fazer alguma coisa, qual seria essa sua canetada?
MA - Rapaz, que pergunta! Um pedido só, né? Eu pensaria muito na questão da capacitação e na questão da mobilidade. Uma coisa que me entristece muito é quando você pega uma pessoa que tem 16, 17 anos, cheia de sonhos, e você de alguma forma o empurra para um abismo social, isso não é legal. Eu acho que a gente não pode, o poder público, ele não pode minar o sonho de ninguém.
SG - Mais alguma coisa que você queria deixar? Alguma mensagem?
MA - Cara, eu acho que para quem está lendo, eu queria pontuar: Cotia tem jeito. Tanta coisa legal, e às vezes a gente não dá valor. Então, a gente querendo ou não, todo mundo tem sua parte de responsabilidade. Por isso que estou aqui, porque acho que a gente tem esse dever também cívico, né? Beleza?
SG - Muito bom. Grato!