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Nova Raposo tem cara de velho projeto

23/04/2024


por Mauricio Orth

O Projeto Nova Raposo encerrou a fase de consultas públicas. O trecho a ser licitado tem 147 quilômetros e conecta a capital e a região metropolitana ao interior do estado pelas rodovias Castello Branco e Raposo Tavares. A futura concessionária deverá investir R$ 9 bilhões no sistema.

O projeto inclui pontos como a duplicação de vias, a implantação de 36 km de faixas adicionais, 48 km de vias marginais, 38 novas passarelas e 73 pontos de ônibus, além das seis praças de pedágio no sistema free flow, a cobrança automática. Veja mais detalhes AQUi .

Estrada ou avenida?

Uma estrada é feita para ligar dois ou mais pontos economicamente produtivos  em quantidade e rapidez. Sua eficiência, aliás, se mede assim: quanto mais e mais rápido ela fizer isso, melhor ela é.

Uma rua é uma plataforma feita para se gerar riqueza dentro de um lugar. Em relação às estradas, a rua tem mais calçadas, menos asfalto, tráfico mais lento, permissão de estacionamento. Para atingir seu objetivo, ela visa essencialmente a segurança tanto a pé como em veículos. Neste caso, eficiência é medida pelo quanto de retorno ela dá por metro linear.

O problema é quando se tenta fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Essa situação já aconteceu diversas vezes, em diferentes lugares pelo mundo. O conceito de “stroads”, que junta as palavras “streets” (ruas) e  “roads” (estradas), em inglês, apareceu em 2011. Em todos os lugares onde isso aconteceu, o resultado foi o mesmo: funciona mal, é caro e pouco rentável. Talvez não para a concessionária, mas certamente para o usuário. Nesse contexto, o projeto da Nova Raposo parece estar na contramão: ele segue exatamente a ordem contrária a esta constatação.

O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Walter Caldana, explica em entrevista à CBN: 

“A Raposo Tavares, no trecho que vai do Rodoanel até a Marginal Pinheiros, precisa de uma ação que é o contrário do que se pretende fazer”, defende. Para ele, a via precisa ser municipalizada e urbanizada: “É uma avenida, ela deixou de ser uma autoestrada. Na verdade, ela é um elemento estranho hoje nesse trecho, na medida em que ela está completamente ocupada dos dois lados”.

Em artigo publicado na Folha na sexta, 19/04, Mauro Calliari, doutor em urbanismo pela FAU-USP assim resume:

“Essa é a contradição: a estrada é construída para circular em alta velocidade. Quando chega à região urbanizada, porém, muda de caráter, precisa se integrar à cidade, acomodar comércios, dar passagem a moradores, oferecer acessos a ônibus urbano, bicicletas e pedestres. As duas coisas não combinam.”

Como se diminui essa contradição?

Especialistas acreditam que a mais importante ação diz respeito a um aspecto: priorizar o transporte coletivo.

“Um dos grandes desafios dessa região é sobre como você transforma uma rodovia que era de fato uma rodovia em uma avenida urbana. O trabalho é para incorporá-la como uma avenida pensada, recebendo até, eventualmente, um corredor exclusivo de ônibus. Em vez disso, a concessão faz o contrário, consagra essa infraestrutura como uma estrada. Na verdade ela é uma avenida urbana que não pode ser pensada como uma estrada”, afirmou a urbanista Raquel Rolnik em entrevista à CBN.

Para o professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Francisco Segnini Junior,

“A falta de áreas verdes tem o potencial de gerar ilhas de calor, aumentar a poluição e intensificar o risco de enchentes. Precisamos de mais transporte público justamente para melhorar o trânsito. Por que não investir no projeto de metrô e trem e dar acesso a muito mais pessoas?”, questiona.

Expressa & Local 

Uma outra forma de se diminuir esta diferença entre avenida e estrada é a criação de uma via expressa e uma local. Acontece que no Projeto Nova Raposo, a criação de vias locais só está sendo planejada em sua etapa final, ou seja, essa estratégia é a última da fila.

Cotia & Pedágios 

E qual a primeira estratégia a ser adotada? A colocação dos pedágios. Assim a população de Cotia financiará os projetos que serão feitos em São Paulo para só depois, em futuro incerto, ter um retorno direto através da criação das vias locais.

Ambientalistas e associações da Granja Viana também se mobilizam. “Aqui vamos ter impacto grande, mas as soluções para os problemas atuais não foram apresentadas”, diz Renato Rouxinol, da Associação Amigos da Granja Viana. “Tiveram 30 anos para discutir o projeto e agora chegaram com solução pronta. Vamos nos juntar a outras associações e acredito que a tendência é acionar o Ministério Público para que o projeto seja discutido”, afirma.

Na terça-feira passada, a Câmara de Cotia aprovou requerimento dirigido ao governo de São Paulo pedindo a realização de audiência pública na cidade para discutir o projeto Nova Raposo. O Prefeito de Cotia, Rogério Franco, não se pronunciou sobre o tema.

Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ainda vê a Raposo Tavares apenas como uma estrada:

“É normal, esse processo de construção sempre tem apreensão quando você pensa em fazer uma rodovia concedida. É necessário para que a gente tenha o volume de investimento que a gente precisa para que a gente garanta a diminuição dos tempos de viagem, é óbvio que tem essa reação, tem esse desconforto, é compreensível, mas eu tenho certeza que isso é mitigado a partir do momento que o projeto é bem estruturado e esse investimento se materialize. Aí a gente vai fazer a diferença.”

Enquanto isso, o barulho é alto:

Associações de moradores de São Paulo e de Cotia estão se mobilizando contra o projeto. Na semana passada, representantes de 77 entidades lançaram o manifesto “Nova Raposo, não!” em que pedem a reabertura das consultas públicas sobre o projeto.

Na terça-feira, 16, a pedido de moradores, a deputada estadual Marina Helou (Rede) protocolou representação no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pedindo a paralisação do projeto. Em postagem no Instagram, ela afirma:

“Acionei o Ministério Público solicitando a imediata suspensão do processo da Nova Raposo Tavares até que haja ampla participação popular e uma reformulação do projeto. Pelo valor gasto e o tamanho do projeto, o processo deveria contar com mais divulgação por parte do Governo. É inaceitável como o projeto Nova Raposo foi conduzido e a falta de participação dos moradores das áreas impactadas, como Granja Viana, Pinheiros, Butantã e Cotia.”



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