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Conexões Humanas e Saúde Mental

Convivendo com Pessoas Difíceis

29/05/2025




Pessoas difíceis: oportunidades que batem à nossa porta. Entre desafios e frustrações, o que elas podem nos trazer de bom? 

Conviver com pessoas difíceis faz parte da experiência humana. Quem não tem uma história assim para contar, atual ou passada, no ambiente de trabalho, na família ou mesmo entre amigos? Não é incomum nos depararmos com comportamentos desafiadores que testam nossa paciência e equilíbrio emocional.


Mas o que caracteriza uma pessoa difícil e como podemos lidar com esses desafios de maneira construtiva? Como não nos desestabilizar com essas convivências que não nos parecem fáceis?

Neste artigo, vamos conhecer melhor as dinâmicas emocionais estabelecidas nessas interações e buscar alguns caminhos alternativos para lidar com isso, cultivando relações mais saudáveis, que não nos tire do nosso equilíbrio nem prejudique a nossa saúde mental.

A primeira pergunta importante é: o que torna alguém "difícil"? Ou mais especificamente: o que torna tal pessoa difícil para mim? Diversos motivos podem gerar dificuldades numa relação. Alguns são indiscutíveis, como agressividade e violência, desrespeito ou um egocentrismo exacerbado. Quando entramos em questões mais sutis, no entanto, como empatia, estabilidade, compromisso, comunicação, segurança, afinidade de posturas e visão de mundo, novas perguntas podem ser propostas. Todas elas nos conduzem a uma avaliação dos aspectos próprios, pessoais, como contraponto ao comportamento da outra pessoa.

Vamos pensar em um exemplo. Posso sentir que meus filhos não me consideram de forma adequada e me sobrecarregam com funções, sem contribuir com aquilo que já poderiam assumir, como tarefas da casa ou seus próprios gastos. Também posso considerar que não têm nenhuma preocupação com o meu próprio bem-estar, o que deixa a relação muito unidirecional. Por mais que eu demande mudanças, simplesmente ignoram regras e tentativas de novos acordos. A vida em casa fica caótica e não é nada colaborativa.

O trabalho também costuma ser palco de inúmeras situações de grande dificuldade. Ali, em geral, os motivos giram em torno de demandas exageradas, falta de comunicação, má gerência das relações, da equipe e da execução das tarefas, uso equivocado de poder, medo e competitividade.

Se, por um lado, existem situações que são objetivamente prejudiciais e que precisam ser reconhecidas como tal, por outro, vale a pena a pergunta: por que, especificamente, uma tal atitude me atinge tanto? Que expectativa minha não está sendo atendida? Eu chego a comunicar isso e, em caso positivo, por que a minha comunicação não é efetiva? Que limite talvez eu mesma(o) esteja tendo dificuldade de estabelecer?

Esse tipo de questionamento não tem como objetivo minimizar a dor ou a frustração que sentimos, mas abrir espaço para enxergar que toda relação é uma via de mão dupla — e que o que vivemos com o outro também fala de nós. Às vezes, a dificuldade da convivência revela uma necessidade nossa de sermos vistos, respeitados ou reconhecidos. Outras vezes, expõe padrões antigos que repetimos sem perceber.

Encarar coisas assim não costuma ser fácil. É um processo, às vezes igualmente doloroso, porque envolve aceitar o fato de que estamos implicados e somos responsáveis pelo que nos acontece, nem que seja pelo fato de permanecermos onde estamos, sem conseguir mudar. Além disso, mesmo quando conseguimos tomar consciência da nossa parte na construção daquilo que é desfavorável, isso não tornará a situação automaticamente fácil. No entanto, pode começar a fazer uma grande diferença, afinal é o que permitirá que, aos poucos, nos liberemos de olhar apenas para as acusações e ressentimentos e passemos a buscar outras formas de agir e de nos posicionar, que sejam mais conscientes e construtivas.

Ao identificar o que em nós é ativado pela convivência difícil, podemos começar a explorar outros caminhos. Isso não significa tolerar abusos ou injustiças, mas, sim, exercitar elementos novos na nossa própria vida: colocar limites claros, dizer alguns “nãos”, nos priorizar, estabelecer uma comunicação assertiva, ter clareza do que precisamos e falar disso com  e firmeza aos outros. Em todos esses casos, estaremos nos considerando, nos respeitando e nos cuidando, tomando como importantes a nossa vida e a nossa saúde emocional. Dito em outras palavras: a consideração, o respeito e o cuidado terão surgido em primeiro lugar em nós mesmas(os).

O que acontece a partir daí? Em algumas situações, essa nova atitude pode melhorar a relação; em outras, pode deixar evidente que o melhor caminho é o afastamento ou o redimensionamento do vínculo. O essencial é perceber que temos escolhas, ainda que elas não sejam fáceis, e que cuidar de nós mesmos é parte fundamental da construção de relações mais saudáveis.

Conviver com pessoas difíceis continuará sendo, em alguma medida, parte da vida. O que pode mudar é a maneira como nos posicionamos diante desses desafios — com mais consciência, autonomia e responsabilidade afetiva.

Em última instância, aprender a conviver com pessoas difíceis é também um convite para amadurecermos nossos próprios limites, nossa capacidade de empatia e nossa força interior. Não podemos mudar o comportamento dos outros, mas podemos transformar a forma como nos relacionamos com aquilo que nos desafia — e é nisso que reside a nossa verdadeira liberdade emocional.


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Iana Ferreira

Apaixonada pelos mistérios da psique e do autoconhecimento, com formação em musicoterapia pela Faculdade Paulista de Artes e em psicologia pela Universidade de São Paulo, USP.
"A palavra, escrita ou falada, também é para mim um grande instrumento e paixão – por tudo que revela e que invariavelmente consegue ocultar."

Site: entretexto.com

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