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Diálogos ao anoitecer

05/10/2023

(da Série Contos do Despertar)

Estava em profundo silêncio contemplando o pôr do sol, quando uma voz sem som falou comigo.

“Estou aqui para atender seu chamado. Há questões que eu posso responder, outras, você terá que descobrir sozinho.”

Você é a morte?

“Não existe morte. Apenas a Vida em perene transformação, animando uma infinidade de formas nesse imenso universo. Seu corpo físico é uma forma que abriga a Vida que existia antes e que continuará existindo depois que ele desaparecer.”

Eu só conheço a vida do corpo, a forma, a aparência, todas as experiências dependem dele. É impossível pensar em uma continuidade depois da morte do meu corpo, dessa pessoa que tem nome, família, amores, casa, profissão, compromissos a cumprir, que tem lembranças do passado e planos para o futuro.

“O seu corpo depende da Vida, mas ela não depende do seu corpo. Na verdade, Ela não depende de nenhuma materialidade nem neste mundo nem nos outros. A Vida é, sempre foi e sempre será.”

Então por que sinto tanto medo de morrer?

“Porque você não se conecta com a Grande Memória, a Memória do SER que habita o corpo, e só registra a memória deste personagem passageiro que chama de eu, suas dores e prazeres, suas paixões e ilusões, as batalhas que venceu e as que perdeu. Tudo que chama de mundo, de realidade e verdade irá desaparecer. Você não se reconhece como Vida eterna.”

O que posso fazer para mudar esse estado de coisas?

“Quando você contempla a noite nunca se espantou ou teve medo porque sabe por experiência própria que o dia irá nascer novamente, porque sabe por experiência direta que o Sol voltará a brilhar e que a Vida continuará não importa o que aconteça, porque Ela não depende de nada.

Agora olhe para dentro e veja o anoitecer e o alvorecer da Vida dentro de você, em uma espiral solar magnífica!

Os seres e os mundos são criados, mantidos e destruídos em um fluir sem fim. Somos partes de um Movimento Perpétuo que chamamos de tempo, girando, girando, girando em torno do Eixo Dourado da Eternidade!”

Carmem Carvalho e Marian Bleier  

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